segunda-feira, 5 de março de 2007

Ecologia Organizacional; uma tentativa pouco peremptória de justificar a fundação e o fracasso das organizações

(Autor de referência: Joel A. C. Baum)
A ecologia organizacional pode ser entendida como um dos domínios teóricos mais em evidência no panorama recente das ciências organizacionais. As razões para tanto são bastante diversas e por vezes, contraditórias: a relevância crescente que a ecologia organizacional vem assumindo na teoria das organizações. A perspectiva da ecologia organizacional contempla a relação das organizações com o meio ambiente e seus impactos sobre a sociedade num âmbito de sugerir justificativas para a fundação e fracasso das organizações, bem como, as mudanças organizacionais.
As principais abordagens ecológicas para a fundação e fracasso das organizações, segundo o autor estão focados em três temas: processos demográficos, processos ecológicos e processos ambientais. No que concerne ao processo demográfico, as variáveis idade e tamanho são sustentadas pelo autor que, quanto mais nova a empresa, maior a vulnerabilidade e conseqüente fracasso em razão da inexperiência e difícil adaptação à mudança. Quanto ao tamanho, as organizações maiores são consideradas menos vulneráveis, em outras palavras, tendem a mergulhar num processo inerte às mudanças e por possuírem estruturas mais sólidas. No entanto, as pequenas empresas são mais suscetíveis ao fracasso em razão das dificuldades para levantar recursos em tempo hábil em respostas as adequações ao ambiente externo.
Os processo ecológico limita ao tamanho de nicho, enfatizando as organizações especialista e generalista. As empresas generalistas por serem mais flexíveis às mudanças ambientais dominam as especialistas independentemente do nível de incerteza ambiental. A dependência da densidade é outro fator que determina a fundação das organizações, pois, aumenta a legitimidade institucional de uma população, aumentando as taxas de fundação e diminuindo os fracassos.
Existem inúmeros modelos de dependência de densidade que definem a fundação e o fracasso das organizações, no entanto, todas elas são fundamentadas para o ambiente externo. A dependência da densidade da população, ou seja, número de organizações na população, cria vários elementos decisivos para o fortalecimento, sobrevivência e surgimento de organizações. Todas possuem uma característica em comum – abordagem com âmbito no meio externo - seja na comunidade, geografia, população, nicho organizacional(mercado), regulamentação, política e tecnologia. São esses modelos que definem a fundação ou fracasso prematuro das organizações quando não as propiciam a cair num processo de inércia estrutural. Hann e Freeman, propõem que além de mudar a estrutura organizacional, as pressões inecerciais variam com tamanho e a idade organizacional. Devido ao fato de que as organizações mais velhas serem mais estruturadas, tiveram mais tempo para formalizar padronizar rotinas e institucionalizar lideranças.

Contrastando o autor sob uma abordagem de gestão!
Em nenhum momento Hann e Freeman mencionaram a influência da gestão como um processo peremptório na fundação e fracasso das organizações.Tendo em conta que Lex Donaldson (1995) crítica violentamente a abordagem ecológica, por considerá-la uma teoria antigestão. Na argumentação apresentada por Donaldson, que parte das premissas básicas da teoria, ressaltam-se os seguintes apontamentos:

a) na teoria ecológica, o ambiente externo é “proativo”, cabendo aos gestores um papel passivo e de resistência à mudança induzida ao exterior;
b) o fato de o processo de seleção das organizações se desenvolver numa lógica supra-organizacional retira a relevância e pertinência do papel do gestor, tal como concebido em outras teorias (principalmente na contingencial);
c) ao aceitar que são as populações que mudam e não as organizações (conceito de inércia estrutural) a teoria ecológica não se mostra capaz de propor um conjunto de atividades de adaptação organizacional.

Segundo a teoria ecológica, o papel do gestor não parece tão importante como deveria. O papel do gestor é limitado por dois fatores predominantes:

a) a forma organizacional constrange e manipula o comportamento individual;
b) a escassez dos recursos, que dificulta a gestão da mudança;

Um dos pontos fracos na abordagem ecológica parece radicar-se justamente na sua recusa em aceitar que os gestores procuram tomar decisões adaptativas, isto é decisões que melhorem o ajustamento ao meio e, por conseguinte, a probabilidade de sobrevivência da organização. As abordagens contingencial e ecológica seriam desse modo, complementares: a teoria contigencial ilustraria o esforço de adaptações das organizações ao seu ambiente externo, enquanto a teoria ecológica assinalaria as razões do sucesso e fracasso desse esforço adaptativo.

Questões
Uma gestão má estruturada poderia levar ao fracasso da organização?
Quais as principais causas de fracasso em organizações com enfoque tecnológico?


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