sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Teorias em Marketing; Composto de Marketing versus Serviços

Autor de referência: GRONROOS, Christian
Objetivo
Em razão do mix ou 4 Ps de marketing permanecer décadas como único paradigma de contextualização para teorias em marketing, o autor propõe o relacionamento como uma nova abordagem aos setores de serviços e industrial.
Contexto
O relacionamento é importantíssimo para que as organizações compreendam os clientes e assim possam conquistar sua lealdade. O relacionamento tem sido apontado, nos últimos anos , como conceito mais viável a ser dotado por organizações que tem como meta superar constantes desafios aos quais são submetidas, mantendo uma sólida relação de fidelidade dos clientes através da oferta de valor e satisfação a longo prazo, ou seja, sob um o novo conceito - o objetivo é desenvolver um relacionamento com os clientes no qual a venda é apenas o começo.
Pontos Relevantes
A proposta de mix de marketing ou 4P´s é controlar as ações das organizações orientadas pelo mercado ou cliente como forma de se posicionar para a competitividade. Com o crescimento da concorrência, o mercado tornou-se muito competitivo contrapondo as organizações a melhorarem continuamente seus produtos ou quaisquer fatores que dele façam parte como qualidade, distribuição, promoção e tantos outros que possam traduzir em atributos e benefícios para o consumidor.
Os quatro Ps não podem ser vistos como base de fundamentação teórica do marketing, porque entendo que os mesmos referem-se à ações ferramentais de satisfazer as necessidades e desejos de consumidores, no entanto, como vemos no texto, a produção cientifica que sem tem ainda hoje baseia-se nos quatro Ps como justificativa teórica para o marketing. Outro fator que considero importante sob contexto dos quatro P’s é que tanto serviço como produto não podem ser inseridos ao mix de marketing como proposta única de competitividade, pois há limitações principalmente quanto ao grau de mensurabilidade e abstração de ambos, contudo o objeto de estudo para formação de um corpo teórico em marketing deve inserir a transação e o comportamento do consumidor.
Gronroos critica fortemente o paradigma baseado nos 4Ps de McCarthy por ele ter motivado a alienação das pessoas no resto da organização em relação ao marketing e à existência dos profissionais de marketing. Outra crítica relevante é feita pelo fato do modelo ser muito simplista e não servir para analisar as interações entre os componentes do composto de marketing. Webster (1994) destaca que o marketing surgiu em um contexto dos anos 1950 que não se aplica mais. No ambiente de negócios tradicional, transações eram conduzidas em um mercado competitivo entre organizações hierárquicas, departamentalizadas e burocráticas, e seus clientes, o mundo atual está se movendo rapidamente para um padrão de atividade econômica baseada em relacionamentos de longo-prazo e parcerias.
Outra crítica forte aos 4Ps decorre que na época em que McCarthy cunhou originalmente o mnemônico, a fabricação de bens foi assumida como a regra de modo que o composto de marketing resultante refletiu as características pertinentes ao marketing de produtos manufaturados. O esquema dos 4Ps mostra-se inadequado como ferramenta conceitual para direcionar a formulação e a implementação de um composto de marketing eficaz para serviços em razão da intangibilidade, inseparabilidade e variabilidade.
Questões
Por que os 4 Ps têm se mostrado insatisfatório para o mercado industrial?

Teorias em Marketing; Reconstrução da teroria em marketing

Autores de referência: SHETH, Jagdish, GARDNER, David M., GARRETT Dennis E.
Objetivo
Ressurgimento do interesse em reconstruir a teoria de marketing como proposta para uma revisão e avaliação de novos conceitos e perspectivas, bem como sua aplicabilidade enquanto disciplina por meio de escolas do pensamento de marketing.
Contexto
Atualmente a evolução conceitual do marketing está mais contextualizada sob o enfoque da justificativa do que pela descoberta. Creio que o período de sua descoberta limitou-se após vários fenômenos sociais, dos quais podemos destacar a segunda guerra mundial e a expansão de parques industriais provocando radicais mudanças no comportamento do consumidor e em variáveis orientadas por outras áreas de conhecimento. Não é de se espantar que tudo que vemos ousamos em predizer que é ação de marketing - o problema não começa nas barreiras que dificultam a delimitação de seu escopo, mas sim na definição e entendimento do que é efetivamente marketing e a quem beneficia. Quando afirmamos que fatores orientados pela psicologia e economia influenciam a decisão de compra, constatamos uma forma de justificar o fenômeno do consumo e não a descoberta sob perspectivas de um método científico. Creio que o interesse em dar prosseguimento com mais ímpeto para discutir teorias em marketing se desvaneceu por dois motivos; primeiro, pelo fato de constantes mudanças de costumes e hábitos da sociedade, muda-se de comportamento muito velozmente e as variáveis de ontem dessas mudanças podem não ser as mesmas de amanhã, ou seja, a mão invisível do capitalismo transita nas mais variadas sociedades evocando a necessidade de consumir e de mudanças sob a justificativa da “sensação” de bem estar. Talvez por isso, pesquisadores não conseguem acompanhar essas transições em tempo real, pois com a mesma velocidade que as informações são geradas elas se tornam obsoletas propiciando ao corpo teórico em marketing ter um vácuo repleto de generalizações e ambigüidades. O segundo refere-se à comunidade do management onde não há interesse em contextualizar teorias em marketing por dois motivos; primeiro porque tempo é dinheiro e segundo, porque temem que a definição de seu escopo limite áreas ou funções das quais não se pode atribuir a atividades de marketing - como isso não acontece, tudo é compreendido como marketing, em outras palavras, é bem mais confortável definir marketing de forma arbitraria.
Pontos Relevantes
Sobre o que deveria ser o marketing citado na parte inicial do texto, devo ressaltar que a competitividade e comportamento do consumidor são os pilares de toda base conceitual e objeto de estudo de marketing, contudo, todo o processo inicia-se pela necessidade da transação de compradores e vendedores (Kotler) de tal forma que o estudo do comportamento do consumidor contribui para tomadas de decisões estratégicas para competir. Os impactos da transação em âmbito social devem ser também alvo de estudo para reconceituar o marketing sob uma visão mais pluralista, cuja bandeira de ordem é priorizar a manutenção e preservação do meio ambiente e o bem estar social. Quanto aos modelos de escola de marketing interativas e não interativas, não ficou muito claro a que efetivamente se destinam as escolas não interativas, pois entendo que esse modelo tem características mecanicista enquanto que a interativa perfil organicista e visa a condição das variáveis de relacionamento, sociais e comportamentais. Portanto, creio que toda dinâmica associada às escolas de marketing interativa deverá contribuir para a evolução de teorias em marketing.
Questões
Quais são as principais contribuições da escola de marketing não interativa sob o âmbito da ciência?
Que outras escolas poderiam associar-se ao pensamento do marketing?

Teorias em Marketing; Evolução do pensamento de marketing

Autor de Referência: BARTELS, Robert
Objetivo
Contextualização histórica da evolução do pensamento do marketing sob perspectivas que ultrapassam o campo da economia e que criam vínculos com outras ciências tais como a social, psicologia e antropologia. Também revela como o marketing ao longo da história e principalmente com a expansão da economia vem ocupando posições como um conjunto de funções do management e finalmente como meio de estudo do comportamento consumidor.
Contexto
Não há dúvidas de que o surgimento do marketing tenha iniciado pelas relações de trocas de bens e serviços orientados pela economia, contudo, fenômenos de ordem da ciência social e psicologia enfraqueceram o posto da economia a medida que a sociedade evoluía principalmente após a segunda guerra mundial, onde a escassez, palavra de ordem e principio da economia não tinha condições de explicar fenômenos cognitivos dos consumidores.
Pontos Relevantes
Contrastando o princípio da economia, a descoberta do marketing inicia-se não pela escassez, mas pela produção excedente de agricultores e industriais, estágio em que a produção foi o ponto de partida para o desenvolvimento do marketing, no entanto, mais adiante a produção dava lugar ao homem de vendas como sendo o principal ator de funções atribuídas ao marketing, novos conceitos surgiram ampliando ainda mais o escopo do marketing de forma que atualmente seria difícil predizer a limitação do campo de marketing em razão de uma evolução norteada de mudanças e conceitos tão generalistas.
Achei muito interessante quando o autor discorre sobre a importância do crédito na relação de consumo já no início do século, as pessoas antecedem o consumo em razão das oportunidades de financiamento, fenômeno este bastante presente nos dias de hoje – explosão de ofertas dando a impressão de que a economia está em crescimento, o que é uma falácia, pois o custo total da transação chega a ser em média quase o dobro do valor inicial, provocando níveis de endividamento insustentáveis em longo prazo.
A distribuição de produtos passou a ser função central do marketing e condição de integração entre comprador e vendedor, havia a necessidade de classificar produtos quanto aos pontos de vendas, conveniência, e emergência entre outras características, fato este ocorrido em 1912. Conclui-se então, que o mercado já naquela época sinalizava princípios de segmentação e a divergência de comportamentos de consumidores, talvez por isso sejamos encorajados a entender que o grande desafio do marketing continuará sendo o estudo contínuo do comportamento do consumidor, e que suas hipóteses e causalidade são mutáveis e ritmada pela evolução do macro ambiente.
Quanto ao aspecto em reconceituar o marketing, desde 1950 os conceitos predisseram a necessidade de decisões no que se referem a distribuição, preço, promoção, produtos e traz uma correlação muito forte ao management como elemento estruturalista funcional das organizações. Contudo, creio que o desenvolvimento de novos conceitos de marketing não girará em torno apenas ao que já conhecemos há mais de cem anos, a sociedade já dá fortes indícios que para seu bem estar cobrará valores de ordem moral e da ética que deverão estar subjacentes a um novo corpo conceitual de marketing.
Questão
A base conceitual do marketing não estará em constante transição em razão da evolução dos fenômenos sociais e econômicos?

Teorias em marketing; Conceito e Escopo de Marketing

Autor de referência: HUNT, Shelby D.
Objetivo
Explorar a pesquisa de marketing através do conceito de ciência, da abrangência de seu escopo e definição de métodos. Em seguida, o autor contextualiza dicotomias do marketing em diferentes situações para explicar a controvérsia que há na comunidade acadêmica em conceituar os tipos de analises e métodos da pesquisa de marketing. Creio que o foco central do texto busca entender as diversas fontes de expansão do conhecimento do marketing sob enfoque epistemológico e de como podemos explicar o fenômeno do marketing sob um enfretamento obscuro da causalidade e hipóteses.

Contexto
O marketing ainda não é uma ciência; é uma atividade organizacional que busca ofertar o bem estar em troca da viabilidade econômica e social. A base da sua epistemologia é, inegavelmente, interdisciplinar, pois se pulveriza a outras ciências sem ser ainda uma ciência e, a medida que a sociedade evolui, um diálogo ininterrupto de ciências se intensifica para explicar o fenomenologia da transação.

Pontos Relevantes
Escopo de Marketing; devido a tamanha abrangência de vários temas e a inclusão de entidades não-lucrativas ao escopo de marketing, é inegável que tal fato dificulta em decifrar suas hipóteses centrais. As atividades de marketing objetivam a troca e, portanto, seu escopo deveria conter como elemento central o estudo do comportamento das partes que negociam como ponto de partida da transação e não a relação indireta com diversas áreas de conhecimento.
Marketing como ciência; como entender o fenômeno do marketing como ciência senão temos uma definição de seu escopo? Creio que o fenômeno do marketing só pode explicado através do apoio à psicologia, antropologia, economia e sociologia, pois o próprio marketing não possui luz científica própria, seu corpo teórico possui a forma de um mosaico de teorias não científicas, talvez sua identidade esteja enraizada como estrutura funcionalista para explicar a teoria sistêmica, pois parece ser a aglutinação de variadas ciências que visa como ponto central o estudo comportamental da sociedade e sua evolução.
Método científico único; o contexto do marketing sob perspectiva da justificativa ou descobrimento é complexo, não há linearidade em sua evolução que contribua para um juízo determinista de valores, contudo, creio que sob enfoque do descobrimento ele seja favorecido pelo valor teórico de um determinado tema, enquanto que a justificativa favorece o aspecto prático, o que parece relacionar-se melhor com o marketing.
Não entendi a citação quando o autor se refere que as técnicas da ciência da astronomia estão mais relacionadas ao marketing do que a física.

Questões

1. Quais os vieses da troca em empresas não-lucrativas? Evolução da sociedade?
2. Sob o contexto do método, qual a principal diferença entre o descobrimento e justificativa?
3. Devido a falta de escopo, de um corpo teórico, de hipóteses centrais e leis, o marketing não tem perfil restrito interdisciplinar apoiada a ciências da antropologia, social e econômica?

Teorias em Marketing; Contextualização do marketing com ciência

Autor de referência: Mário Martinez Tercero
Objetivo
O autor tem a intenção de destismificar o marketing como ciência, haja vista que a maioria dos textos universitários não possui características de cunho teórico, pois, mesmo que haja inúmeros trabalhos publicados sobre marketing, estes não trazem luz teórica que venha efetivamente caracterizar o marketing como ciência, e que as generalidades empíricas não possuem valor científico, pois não podem ser explicadas pelos fatos e, portanto, não é ciência.
O foco da discussão nos desafia a entender que se o Marketing é ciência, suas hipóteses e casualidade são previsíveis e que nenhuma técnica estatística faz ciência, apenas admiti hipóteses.
Contexto
A ciência do marketing e de fato assim o entendo, como sendo uma ramificação da ciência social cuja sua essência está caracterizada pela troca de origem comercial e se faz pelo acompanhamento da dinâmica social. Sendo o marketing uma ciência social, comprovadamente aplicada, perpetuada e contextualizada pela grande maioria das sociedades do planeta, é compreensível que tenha se transformado em objeto de estudo, e estarem surgindo centros de ensino desta ciência. Do ponto de vista filosófico o marketing como ciência deveria consistir como o conhecimento que, em constante interrogação de seu método, suas origens e seus fins, procura obedecer a princípios válidos e rigorosos, almejando coerência interna e sistematicidade. Creio que o autor esteja orientado pela filosofia em não afirmar que marketing é ciência.

Pontos Relevantes
Não concordo com autor quando discorre que em função das generalidades empíricas o marketing não pode ser ciência. A ciência pode ser sistematicamente métodos e princípios fundamentados em experiências e não somente ao corpo de conhecimentos sistematizados adquiridos via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos ou fatos.
Achei interessante quando o autor cita que as pesquisas não ilustram efetivamente a realidade, principalmente no que se refere sobre pesquisas direcionadas às pessoas que costumam responder questionários não o que elas são, mas sim, o que elas gostariam que fossem.
Quando o autor discorre sobre a incapacidade de se medir os sentimentos e emoções humanas, ressalto que de fato é impossível mensurar algo tão abstrato, porém, há formas de avaliar o comportamento, ou seja, as atitudes das pessoas em determinado momento do fato e conseqüente produzir indicadores para análise.
Não entendi os motivos que levaram tanto o autor em citar tantas vezes que a medição e comparação de objetos de estudos ou fenômenos tem que ter caráter semelhantes - com características similares, assim como o exemplo citado do carro.
Questões
1. O marketing além de ciência também não é arte?
2. Se Marketing é ciência o que de fato caracteriza o seu corpo teórico? a satisfação de necessidades, a transação em si ou o bem estar contínuo das entidades que realizam trocas através do relacionamento?
3. Será que o autor não está orientado pela filosofia em dizer que o marketing não é ciência?

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Teorias Organizacionais; uma proposta de análise e escolarização através da metáfora de contextos.

PUC – SP
Mestrando em Administração
Aluno: Ernani J. Alves
Artigo Científico

Teorias Organizacionais; uma proposta de análise e escolarização através da metáfora de contextos.

Alves, Ernani José

Resumo
O futuro das escolas de pensamento na teoria organizacional deverá incluir disciplinas que ultrapassem o campo sociológico das organizações. A Pesquisa empírica já nos fornece indícios de que o comportamento organizacional possui perfil multifacetado em razão da complexidade do ambiente e principalmente da psicodinâmica cognitiva dos indivíduos que constroem e destroem as organizações. Este artigo tem por finalidade traçar possíveis tendências das escolas de pensamento de estudos de teorias organizacionais através de metáforas de contextos, onde se faz necessário a adoção de conceitos multidisciplinares para compreensão da trajetória de novos paradigmas do campo da administração.
Palavras chave: Teoria das organizações, metáforas, contextos, escolas e administração.

Abstract
The thought schools future in the organizational theory must includes disciplines that overtake the sociological field of the organizations. The empiric research brings us indications that the organizational behavior owns profiles of different areas of knowledge, thanks to the complexity of the environment foremost to the individual psychodynamic cognition which builds and destroys the organizations. This article has for purpose to outline tendencies in organizational theory organizations schools thought context metaphors which brings out the necessity of adoption of multidisciplinary concepts the news paradigms of the administration area.
Keys word; metaphors, Theory Organizational, contexts, schools, administration, management

Introdução

Há uma grande preocupação com o futuro da escola na teoria organizacional. A crescente geração de conhecimento na teoria organizacional não significa efetivamente que desenvolvemos bem esse conhecimento de como surgiu a estrutura de escolas, esse conhecimento deverá focar processos pelos quais estabeleçam novas escolas como estruturas legítimas na teoria organizacional. A problemática é criar escolas de pensamento como uma proposta de estrutura teórica integrada por pensadores intelectuais que forneça pontos de vistas distintos sobre as organizações em função de ações empíricas de pesquisa.
Os estudos organizacionais induzem à reflexão sobre os fenômenos das ações organizacionais, fato este isolado e abrangente em Teoria das Organizações, não sendo talvez tão atrativo ao público de gestão organizacional, por se tratar de reflexões de âmbito conceitual e teórico. Há, no entanto, muito mais que um exercício intelectual em compreender a gestão das organizações através dos estudos organizacionais, pois nela trafega as mais variadas disciplinas e sua complexidade não favorece a uma linha de pensamento linear, determinista, pelo contrário, sua proposta é plural bastante abrangente e conduz a trilhar por caminhos desconhecidos.
Os estudos organizacionais propostos atualmente contribuem para uma visão de organização bastante frágil devido a que nenhuma luz teórica pode-se explanar de forma peremptória a casualidade da diversidade de contextos, é preciso avançar em pesquisas empíricas de campo, de modo a traçar novas diretrizes que favoreçam a compreensão de fenômenos organizacionais dos quais ainda não se pode concluir através da causa, efeito e hipóteses de tais fenômenos. Não há a pretensão em criar um meio de decifrar efetivamente os fenômenos organizacionais, contudo, há intenção de ampliar o escopo dos estudos organizacionais através de outras disciplinas, pois, cada vez mais a organização se conceitua de multiteorias como sendo um processo codificado que concentra em sua essência uma ciência social ambígua, mutável e complexa.
Apesar da limitação, as metáforas (Morgan G.) foram as que mais legitimaram em refletir o que são e o papel das organizações no contexto social, o campo do comportamento organizacional ganhou maior dimensão fazendo conexão a outras áreas de conhecimento, o poder exercido pelas organizações tem apelo político e a cultura passou a exercer uma significativa relação com o poder, além de ser religiosamente determinante na condução ao sucesso ou fracasso das organizações. O indivíduo tem papel central na evolução intelectual no processo de estruturação de escolas de pensamento na teoria organizacional, pesquisas empíricas não serão suficientes para que entendamos sua complexidade, será preciso que as escolas produzam construtos através de fenômenos sociais, psicológicos, econômicos e antropológicos, talvez precisaremos beber em fontes ainda desconhecidas da teoria organizacional para conhecermos uma linha de pensamento onde não há linearidade em decifrar o funcionamento das organizações.

Perspectivas futuras

A conjuntura atual nos desfia a entender que a organização no futuro deixará de ser contexto para ser indivíduo, pois o contexto terá um sentido mais amplo, se caracterizará como sendo uma sociedade universal e como resultante desta relação já temos prévios indícios catastróficos sobre nosso planeta como aquecimento global.
A organização vista como indivíduo (figura 1) terá papel crucial no desenvolvimento da sociedade do conhecimento, promoverá o senso de gestão participativa sob a bandeira da ética tornando a efetiva responsabilidade social como fator de sua sobrevivência e não mais pelo mero brilho do marketing. Caminhamos para uma organização-indivíduo cada vez mais fragmentada onde em seu cerne encontraremos especificidades de ordem plural em função do ramo de negócio, de pessoas que exerceram papel de indivíduo no passado e que agora se projetam como atores do conhecimento, de recursos e tecnologia que deverão ser ajustados aos interesses do meio ambiente e não de forma predatória como é atualmente.
Muitas organizações têm buscado patamares superiores de performance, estruturando parte ou o todo de seu trabalho em equipes. A gestão das organizações sempre foi marcada pela eficácia, sinalizada através de indicadores, a maioria deles quantitativo e financeiro: lucratividade, participação de mercado, produtividade etc. Contudo, esses indicadores não serão suficientes na mensurabilidade do desempenho da organização, fatores externos de representação social e de recuperação do meio ambiente deverão fazer parte do escopo de controle e de compromisso com a ética. Em gestão o questionamento ético ficou muito tempo na sombra, há, no entanto, a necessidade de emergir a ética como importante elemento de reflexão e inclusão nos interesses da organização de iniciativa privada e pública.
Os desgastes que nosso planeta vem enfrentando ao longo dos anos como o desmatamento e principalmente o aquecimento global, vem se traduzindo como uma espécie de “efeito colateral do desenvolvimento” que a natureza nos impõe em razão da falta de ética em não preservar nosso planeta, ou seja, produzir o “desenvolvimento” a qualquer custo. As ações das organizações do futuro deverão passar pelo crivo da ética, onde a importância da biologia deverá ser cada vez mais disseminada entre a população e os gestores do desenvolvimento.
Quanto à adoção por novos modelos de gestão das organizações, não há dúvidas de que o Brasil é um grande varejista de idéias cujas gôndolas mais à vista do administrador são as que oferecem prescrições americanas (Burrel, G.). Nossa identidade está mais caracterizada e vista pela imposição da mão invisível do poder do que pela competência.
Se entendermos que o caminho a ser percorrido em busca de novos estudos organizacionais nos submeterá ao mergulho profundo em incertezas e ao mundo de verdades não fixista (Prigogine), daremos um grande passo em contribuir para ao avanço da ciência sociais e humanas de forma plural, cheia de encruzilhadas e curvas com pontos de vista diferentes sobre um mesmo contexto de realidade.

Discussão

“Atores do Conhecimento em estudos organizacionais”

O indivíduo nunca esteve tão presente como agora nas organizações, atribuímos esse fato graças aos estudos de seu comportamento norteado de variáveis do campo biológico, psicológico e social. O indivíduo até no início dos anos 70 era visto como parte de uma peça mecânica que fazia parte de uma engrenagem sistêmica, seu comportamento era orquestrado pelos superiores e o simples manifesto contrário ao que era imposto, bem como o ato de pensar, eram proibitivos.
Em razão taylorismo evidentemente que em estudos organizacionais podia-se constatar que o indivíduo havia desaparecido, pois seu comportamento imutável favoreceu a um palco onde apenas o contexto passou a ser foco, e à luz desse mesmo palco residia um individuo padrão sem brilho e expressão.
Após a descoberta de que o indivíduo é mais que um ser pensante notou-se também que ele possuía valores individuais, necessidades e através de suas cognições ele fazia o ambiente e da mesma forma que esse ambiente passava por transições, seu comportamento também transitava. Os interesses coletivos predominam no campo dos estudos organizacionais, e são determinantes para a reflexão sobre os fenômenos sociais, dos quais seriam humanamente impossíveis de serem analisados sob uma perspectiva individual. A partir do momento em que nos destinarmos a estudar o indivíduo como elemento com característica singular em um sistema como a organização, cometeremos uma grande falácia, pois toda organização está representada pelo esforço e mente coletiva.
Estudos sobre comportamento organizacional, bem como o individuo só poderão ser avançados através do enfoque ao contexto, pois é aí que reside o ator do conhecimento, com mente plural dominado pelos mais diversos aspectos, sejam eles psicológicos, econômicos, antropológico e cultural, ou seja, um indivíduo multifacetado que nos desafia a melhor compreendê-lo através do incurso ao estudo de uma matriz pluridisciplinar (Chanla T, J.).
Metáforas de Contextos

Vive-se em tempos turbulentos e de constates mudanças, teorias que já foram consideradas como solidamente fundamentadas estão tornando-se âncoras para uma nova ciência e paradigmas. Além da inovação, continuidade e escopo (Mckinley, W) o processo de escolarização em estudos organizacionais deve incluir contextos. O contexto é um fenômeno norteado de situações cujas características implícitas nos impossibilita de ter o seu domínio no sentido amplo para predizer exatamente o futuro.

Os contextos expressam um conjunto de realidades problemáticas em que a organização está inserida, assim, ainda que o uso de metáforas nos favoreça em ver e entender as organizações, ao mesmo tempo ela é limitada, impedido-nos de vê-las de outra maneira. Não esperemos que a metáfora nos conduza ao conforto através de respostas definitivas, há complexidade e diversidade de pontos de vista diferentes. A metáfora de contextos (Figura 1) proporcionará criar um novo conceito de escolas de estudos organizacionais através de conhecimentos e simbologia arquitetados de ordem plural.
O grande equívoco que pesquisadores podem cometer em estudos organizacionais, é não compreender que na década de 60 a organização teve em seu cerne a burocracia como camisa de força que impunha meios a comunicabilidade e controle, e que em novos tempos esta mesma camisa não é mais regida pela burocracia, mas sim, pelo aprisionamento intelectual em decifrar conceitos e teorias únicas pertencentes apenas ao campo de estudos organizacionais. Conforto e facilidade não são palavras de ordem para criar conhecimento, é preciso entender que o fenômeno da globalização rompeu com a sociedade determinista e previsível, é preciso mergulhar em águas turvas, não há fronteiras para a construção de novos pilares do conhecimento se quisermos efetivamente dar um novo tom aos estudos organizacionais sem a dependência de pesquisas empíricas ou construtos ideológicos.
A ciência normal sofreu anomalias e a construção de novos paradigmas favoreceu o surgimento de uma nova concepção de ciência - uma “ciência renovável” (Kuhn T.) e cada vez mais complexa. Portanto, as metáforas devem criar um paisagismo simbólico de efeitos das ações organizacionais propiciando a interpretação de contextos fazendo interface com outras disciplinas sem o vínculo restrito à ciência social.
Uma metáfora, muito usada em economia para dar significado à vulnerabilidade econômica de países emergentes, ou seja, que não deslancham, vivem altos e baixo é o “vôo da galinha”. O que os economistas não contavam é que esta metáfora antes de ser aplicada ao contexto econômico ela é iniciada pelo contexto das organizações, e nos encoraja a refletir que há várias razões pra explicar esse fenômeno, ou seja:
-As organizações vivem altos e baixos apenas em razão da política econômica?
- O comportamento humano é uma resultante exclusivamente de seu poder econômico?
-A adoção por recursos tecnológicos (inovação) deriva apenas do poder aquisitivo das organizações?
Portanto, o vôo da galinha sob contexto organizacional nos remete a concluir que economia e administração fazem parte da ciência social influenciadas por outras disciplinas das quais economistas e administradores não possuem domínio de articulação devido à determinação de escopo pouco abrangente.
Para uma melhor exemplificação, sugere-se que o “Plano de vôo” pode ser uma metáfora melhorada do “vôo da galinha”, em outras palavras, aqui submete-nos a pensar a que altitude (regulamentação) se deseja alcançar, quais escalas (metas) devemos seguir, que aeronave, tripulação e passageiros (recursos) são necessários e em quais condições climáticas (ambiente / mercado) e ambientais este vôo pode ser realizado pra se chegar ao destino (objetivo / lucro).

Conclusão

A intenção é propor que as metáforas de contexto contribuam para um novo processo de escolarização em teorias organizacionais e nos libertem de uma prisão psíquica em não mais persistir que o sentido da metáfora tenha que ter um enfoque determinístico no campo da administração, pois a abrangência desse contexto não trará luz teórica ou conceitual inédita às organizações, também, não há pretensão em migrar para outras áreas de conhecimento, o apelo é para consciência da interdependência de estudos organizacionais com outras ciências além das ciências sociais tais como antropologia, psicologia e biologia, disciplinas estas que deverão ser contextualizadas em estudos organizacionais como proposta de análise e reflexão de fenômenos ainda poucos decifrados em razão da pouca aplicabilidade e interface de outras áreas de conhecimento não pertencentes ao escopo do campo administração.

Bibliografia
Handbook de estudos organizacionais, Volumes 1,2 e 3 – Atlas, 1999, 2001 e 2004
Determinantes e desenvolvimento de escolas na teoria organizacional – Mckinley, W.; W.;Mone, M,; Moon, G – Revista de administração de Empresas v. 43, n 3 Jul/set 2003
Morgan, G. imagens da organização - São Paulo Atlas, 2002
Morgan, Gareth. Paradgmas, metáforas e resolução de quebra cabeças na teoria das organizações. Revista ERA, Vol. 45 No.1 Jan/Mar-2005, p.58-71
Burrel, Gibson. Ciência Normal, Paradigmas, Metáforas, Discursos e genealogia da análise, In: Handbook de Estudos Organizacionais. Modelos de análise e novas questões em estudos organizacionias. São Paulo, Atlas, Vol 1, 1999 – p. 439-462
Motta, F.C.P. Teoria das Organizações – São Paulo: Thompson, 2004
Hatch, M. Organization Theory: Modern, Symbolic na Post Modern Perspectives. Oxford: Oxford University Press, 1997
Ciência e Tecnologia - um enfoque epistemológico. In Revista UNICSUL, Ano 2, No. 3, dezembro de 1997
Hipótese e causalidade – uma abordagem epistemológica. Inc: Revista UNICSUL, Ano 4, No. 5, abril de 1999
Mattos, P. Lincoln. O que diria Popper ao mercado da teoria Administrativa? Uma “viagem” epistemológica à aprendizagem. ENAPAD, 2002.
Kuhn, Thomas Samuel. A estrtura das revoluções científicas. São Paulo, Perspectiva 1975
O fim das certezas – Ylya Prigogine – São Paulo, Unesp, 1996.
Cardoso, Onésimo de Oliveira; Olívio, Rodolfo L. de Faria. Administração e teoria do Caos
Genelot D. O pensamento se libera da ciência clássica. Cap 2 Inc: Genelot, D. A arate da organização complexa: distinguir e articular as lógicas difrentes – Manager dans la complexité-refletions à l’usage des dirigents. Paris, Insep Editions 1998.
Chanla, T, J. F. Ciências Sociais e management – reconciliando o econômico e o social. São Paulo, Atlas, 2000
O individuo nas Organizações; o grande ato do desaparecimento? – Handbook v. 2 cap. 12

Teoriazando o Marketing

Texto análise: The concept generic of Marketing - Kotler, P. AMA - 1972

Creio que o objetivo de Kotler é conceituar o marketing de forma plural como proposta para um entendimento das relações de mercado entre os mais diversos grupos de públicos. Há pelo menos três níveis de consciências que propiciam o surgimento do marketing; a primeira é a condição de que haja compradores e vendedores baseado na transação de produto e serviços, a segunda, refere-se a mercados que não vêem o pagamento como uma condição necessária do fenômeno do marketing, e terceira, o marketing se relaciona não somente ao púbico consumidor, mas também a todos os púbicos.
Ainda sob uma visão sistêmica do marketing e que pode ser visto em diversas categorias, há quatro axiomas; primeiro, o marketing envolve duas ou mais partes, segundo, pelo menos uma das partes busca informações especificas relativo ao objeto de negociação, terceiro, o mercado não possui respostas definitivas, e quarto, o marketing cria valores e os oferta ao mercado. Para tanto, o autor ressalta a importância das tarefas de marketing que consiste na análise do comportamento de mercado e análise de produto, ou seja, quais produtos são direcionados ao mercado alvo e como o mercado responde a cada um deles.

Contexto
O marketing está inserido em todo e qualquer processo de transação de valores, cuja finalidade essencial é o enriquecimento de nações, organizações ou pessoas. Pode –se dizer que o marketing é um elemento peremptório na construção de cenários de âmbito social e econômico.

Pontos relevantes
O conceito de marketing sugerido pelo autor é bastante abrangente, contudo, ao mencionar as consciências atribuídas ao marketing, o autor não faz menção de que o marketing inicia-se com a consciência da existência de um problema através de necessidades de uma ou mais parte.
Outra questão interessante, é que muito embora o artigo seja de 1972, ao citar as habilidades organizacionais - há uma preocupação com a motivação, treinamento de pessoal e que hoje poderíamos associá-los ao comportamento organizacional, fator este determinante para o sucesso ou fracasso de organizações.

Questões:

- O que de fato antecede o desejo da transação de valores em marketing?
- Muito embora o autor tenha citado que o marketing transita em empresas também não lucrativas como seria o confronto inevitável de duas lógicas distintas: entre economia e sociedade?
- O marketing apresenta propostas conciliadora, que busca eliminar as divergências entre as duas partes?
- Será que o marketing sempre existiu e não é simplesmente produto de uma nova sociedade?

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Time de futebol; O indivíduo-contexto, uma analogia da presença do indivíduo nas organizações.

Quando estudamos o desempenho de um time de futebol, inicialmente ressaltamos a qualidade dos jogadores (indivíduos). Depois, analisamos como esses indivíduos se interagem entre si, se este grupo possue ou não sinergia para busca de resultados. Os objetivos dos jogadores devem ser orientados pelos objetivos do clube, pois, todos estão função da organização. As habilidades individuais podem ser um diferencial atrativo, contudo, essa vantagem pode ser conseqüência do contexto tanto interno como externo (adversário).
Quando dizemos que tal jogador "matou o jogo" e por mais que a presença desse indivíduo naquele momento tenha sido determinante para o resultado, o mesmo também foi favorecido pelo contexto a produzir tal efeito. Portanto, toda ação individual é influenciada pela mão invisível do contexto.
O estudo do indivíduo nas organizações precisa ser iniciado pelos fenômenos causados pelo contexto e posteriormente promover uma análise sobre aspectos psicológicos e comportamentais . Contudo, cabe ressaltar que se há uma grande tendência ao desaparecimento do indivíduo nas organizações, isso indica que cada vez mais o indivíduo se veste de contexto e não como um ser repleto de atributos de comportamento específicos.
O indivíduo nunca esteve tão presente como agora nas organizações, atribuímos esse fato graças ao estudo de seu comportamento norteado de variáveis do campo biológico, psicológico e social. O indivíduo até no inicio dos anos 70 era visto como parte de uma engrenagem, seu comportamento era orquestrado pelos superiores e o simples ato de pensar era proibitivo.
Evidentemente que em estudos organizacionais podia-se constatar que o indivíduo havia desaparecido, pois, seu comportamento imutável favoreceu um palco onde apenas o contexto passou a ser foco, e à luz desse mesmo palco, residia um individuo padrão sem brilho e expressão.
Após a descoberta de que o indivíduo é mais que um ser pensante, notou-se também que ele possui valores individuais, necessidades e através de suas cognições faz o ambiente. Os interesses coletivos predominam no campo dos estudos organizacionais, e são a força motriz para explicar fenômenos sociais. Se destinarmos a estudar o indivíduo como elemento unívoco de um sistema como a organização cometeremos uma grande falácia, pois, toda organização está representada pelo esforço coletivo.

Tomada de Decisão na Organização

Autores de referência: Susan J. Miller, David J. Hickson e C. Wilson
Creio que os autores se preocuparam em muito contextualizar o processo de tomada decisão através das relações de poder, porém, sem citar lideranças nas organizações o que na minha opinião, discordo totalmente deste posicionamento. Em um mercado cada vez mais globalizado a tomada decisão nas organizações passa ser cada vez mais complexa em razão de inúmeros contextos como a cultura, comportamento cognitivo e conhecimento. Esses contextos são determinantes durante o processo de tomada decisão que justificam o fracasso ou sucesso das organizações, talvez por isso os tomadores de decisões são incapazes de operar em condições de racionalidade perfeita.
A cultura regional, por exemplo, é predominante no processo de tomada de decisão, de um lado, Brasileiros que tomam decisões imediatas e não dispõe de tempo para esperar pelo futuro, do outro, Ingleses que tomam decisões num espaço de tempo maior, e se alicerçam do máximo de informações.Como seria processo de toma da decisão da cultura ocidental?

Se fizermos uma recuperação histórica sobre tomada decisão, veremos que desde século 5 a. C em Atenas cidadãos do sexo masculino tomaram decisões pelo voto, num dos primeiros exemplos de autogestão democrática ou 333 a. C. Alexandre o Grande corta com a espada o nó górdio, mostrando como um problema difícil pode ser resolvido com um golpe audaz. No decorrer da história da humanidade percebemos inúmeras contribuições para um mundo novo, foram filósofos da ciência, lideres, matemáticos entre outros que através da tomada de decisão nos propiciaram ver a ciência como um processo contínuo de evolução.
Na minha opinião não dá para falar de tomada decisão sem antes contextualizar a liderança nas organizações. Vimos que o autor correlaciona a tomada decisão com poder, porém, em nenhum momento correlacionou o tema com liderança, fator este preponderante na construção das ações organizacionais. Da mesma forma que o poder está na cúpula da organização, ou seja, em nível institucional é o líder que toma decisões orientado pelas estratégias arquitetadas pela própria cúpula da organização. Liderança, estratégia e tomada de decisão são indissociáveis em ações organizacionais, principalmente no que se refere ao planejamento de cenários a médio e longo prazo.
Outro aspecto importante em tomada de decisão são os níveis de análise; institucional, tático e operacional, orientada também pela natureza e abrangência da estratégia. Nem sempre as decisões são tomadas com base na racionalidade, estudos de Sigmund Freud sobre o inconsciente sugerem que atos e decisões do indivíduo muitas vezes são influenciados por intuições ou causas ocultas da mente.
A cultura organizacional também é muito importante em tomada de decisão, pois nela trafega valores e crenças compartilhadas que estabelecem o referencial em que os membros da organização constroem a realidade, reconhecem uma informação nova e avaliam interpretações e ações alternativas. Acredito que o grande entrave em semear uma decisão nas organizações é de como é feita sua comunicação e de como seus usuários a interpretam e a utilizam em prol da organização, temos um problema de comunicação organizacional em razão das características comportamentais e de conhecimento de cada indivíduo.
Para finalizar, creio que a tomada de decisão será ainda mais complexa, pois em seu contexto vimos várias influências de natureza social, psicológica, econômica entre outras disciplinas. O cerne da tomada de decisão terá uma insofismável reflexão sob enfoque de outras disciplinas, principalmente as ciências humanas, onde o comportamento, bem como cultura organizacional favorecem a uma análise multidisciplinar cada vez mais complexo e desafiador para os lideres organizacionais.

Questões
De que forma a organização poderia melhor fluir a comunicação a todos os seus níveis sobre a tomada de decisão?
A liderança nas organizações pode influenciar a tomada de decisões e de que forma?
Até que ponto a comportamento organizacional é importante no processo de tomada de decisão?

Escolas de Pensamento na Teoria das Organizações

Há uma grande preocupação por parte dos autores com futuro da escola na teoria organizacional. A crescente geração de conhecimento na teoria organizacional não significa efetivamente que desenvolvemos bem esse conhecimento de como surgiu a estrutura de escolas, creio que os autores propõem que esse conhecimento deva focar processos pelos quais estabeleçam novas escolas como estruturas legítimas na teoria organizacional.
A problemática é criar escolas de pensamento como uma proposta de estrutura teórica integrada por pensadores intelectuais que forneça pontos de vistas distintos sobre as organizações em função de ações empíricas de pesquisa. Além disso, pretende estabelecer fundamentos para uma série de estudos na sociologia das organizações através da pesquisa empírica sobre o fenômeno da escolarização.
Novidade, Continuidade e Escopo são atributos que estabelecem um contexto para o desenvolvimento da teoria da escolarização, quanto mais presentes esses atributos na criação de uma escola na teoria organizacional, maior será a assimilação de seus produtos intelectuais e quanto mais visíveis forem os produtos intelectuais de uma escola, mais ampla será sua disseminação.
A proposta do artigo é promover a conscientização para evolução da estrutura intelectual e sua corrente, quer seja através da continuidade, novidade e escopo pois trata-se de um processo pelo qual a escolarização de pensamento na teoria organizacional evolui na direção da institucionalização caracterizado pelas divergências intelectuais ou pela consolidação de uma onda intelectual.

Creio que o futuro das escolas de pensamento na teoria organizacional deverá incluir disciplinas que ultrapassem o campo sociológico das organizações. A pesquisa empírica já nos fornece indícios que o comportamento organizacional possui perfil multifacetado, em razão da complexidade do ambiente e principalmente da psicodinâmica cognitiva dos indivíduos que constroem e destroem sem determinismo as organizações.
O indivíduo tem papel central na evolução intelectual no processo de estruturação de escolas de pensamento na teoria organizacional, pesquisas empíricas não serão suficientes para que entendamos sua complexidade, será preciso que as escolas produzam construtos através de fenômenos sociais, psicológicos, econômicos e antropológicos, talvez precisaremos beber em fontes ainda desconhecidas da teoria organizacional para conhecermos uma linha de pensamento onde não há linearidade em decifrar o funcionamento das organizações.

Questões:

· Que determinantes no futuro poderiam favorecer o desenvolvimento de escolas na teoria organizacional além das de ordem social?
· A construção de novas metáforas fundamentadas em outras disciplinas que não seja a social poderia nos conduzir para uma reflexão sobre um novo modelo de escolarização em teoria organizacional?

Estratégia

Autor de referência: Richard Whipp
Tanto o conceito de estratégia como de logística originaram-se da guerra como forma de construir vantagens e atalhos em batalhas para destruir seus oponentes. Em estudos organizacionais a estratégia é vista como meio de obter o ajuste entre a empresa e o ambiente, mercados e concorrências numa busca incessante por resultados que maximize seus dividendos.
No final dos anos 70 o trabalho de Porter trouxe uma grande contribuição à política de negócios, pois a introdução da estratégia no mundo dos negócios ocorreu simultaneamente com a questão da competitividade. O contexto econômico das opções estratégicas das empresas torna-se o foco, originando os modelos de estrutura, de condução e desempenho.
O campo da estratégia tem focado a tecnologia de informação como um fator crítico a ser gerenciando, dada a aspiração dos estrategistas a fornecerem direção apropriada ao crescimento e à renovação da empresa.
Creio que a principal preocupação do autor são as várias perspectivas e usos do conceito de estratégia, a evolução desde o planejamento passando por formatos cognitivos de tomada de decisão até o surgimento de uma política empresarial e de seus processos de tal forma que a estratégia deve ser estudada por outras disciplinas, pois sua importância e complexidade não pode ser atribuídas apenas ao campo dos estudos organizacionais.

Pontos relevantes (caos x estratégia)
A estratégia diz respeito tanto à organização como ao ambiente, é complexa, afeta o bem estar das organizações, envolve questões de conteúdo como de processo, possuem níveis diferentes e vários processos de pensamentos.
Partindo do principio que a estratégia é um processo determinístico não aleatório, e complexo, a teoria do caos sugere que os processos aleatórios ou processos complexos podem atuar em formas obscuras e particulares de ordem, notavelmente Gleick (1987), descreve um sistema caótico onde se encontra ordem “massacrada” como o caos. O mesmo refere-se aos sistemas não-lineares (Smith 2002:519) a estratégia envolve forças em tão grande número e dimensão e tão vasta combinação de poderes que ninguém pode prever os acontecimentos em termos probabilísticos.
Só a estratégia permite avançar no incerto e no aleatório. A arte da guerra é estratégica porque é uma arte difícil que deve responder não só à incerteza dos movimentos do inimigo, mas também à incerteza sobre o que o inimigo pensa. A estratégia é a arte de utilizar as informações que aparecem na ação, de integrá-las, de formular esquemas de ação e de estar apto para reunir o máximo de certeza pra enfrentar a incerteza. (Morin: 1996 a,191).
Questões:
A estratégia poderia ser estudada através da disciplina orientada pela psicologia das organizações?
A estratégia a ser definida não está função de uma prévia análise do SWOT?
Se a estratégia surge como meio de lidar com a concorrência e mercados, quais os recursos básicos necessários para sua formulação tratando-se de uma empresa de tecnologia?
Seria possível ensinar princípios de estratégia que permitiriam enfrentar os imprevistos, incertezas e modificar seu desenvolvimento.
De que forma a teoria do caos poderia fornecer base e suporte para várias situações presentes na formação das estratégias?

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Cognições em Organizações

(Autores de referência: Ann E. Tenbrunsel, Tiffany L.Galvin, Margaret A. Neale e Max H. Bazerman)

O grande enfoque dado neste tema, norteia fundamentos do Comportamento Organizacional-CO sob influência da perspectiva cognitiva em organizações cujo intuito é fornecer uma direção aos pesquisadores em pesquisas futuras. Para tanto, inicialmente é necessário que examinemos tais fundamentos sob uma abordagem psicológica e cognitiva em organizações. Existem duas áreas da pesquisa em psicologia que tem ajudado a entender os processos cognitivos sobre CO, são elas Cognição Social e Teoria Comportamental de Decisão – TCD.
Cognição social é o estudo da forma pela qual as pessoas atribuem significados a outras pessoas e a elas mesmas, e como os processos cognitivos influenciam o comportamento social. A pesquisa no campo social está em função de algumas áreas orientada pela psicologia;
Teoria da atribuição; como as pessoas(perceptor) associam comportamento com causas discretas, e assim enfoca as explicações de senso comum que os indivíduos constroem para eventos sociais ,
Memória; orientação metodológica e teórica em várias áreas de pesquisa sobre cognição social.
Estruturas de conhecimento; esquemas, percepção de pessoal, categorias são estruturas que podem ser definidas com uma estrutura cognitiva que representa o conhecimento sobre um conceito, incluindo seus atributos e as relações entre esses atributos.
Autoconceitos; pensando na sua relação com o ego podemos dizer que é uma coleção de esquemas e concepções e imagens arranjadas em um sistema ou espaço.
Atitudes; são definidas como uma avaliação da atitude objeto que freqüentemente inclui tendências cognitivas e comportamentais, tem sido definida principalmente como um conjunto de resposta a um questionário.
Controle mental; capacidade de conscientizar sobre várias tarefas que tendem ser codificada sem intenção ou esforço, ou seja, ações associadas automaticamente.
A teoria comportamental de decisão está em função de abordagens de pesquisas descritiva e normativa. Os autores chamam a atenção para que a tomada de decisão sempre fora influenciada pela matematização do pensamento que origina a racionalidade econômica, contudo, Simon, (1958) atribui esse tipo de raciocínio muito limitado, sugeriu que se os economistas se quisessem entender o processo decisório, teriam que atentar para os fatores psicológicos que levam os seres humanos a tomarem decisões. Nesse sentido, várias descobertas (heurísticas) ocorreram de forma a mapear as caracterizas e implicações da tomada de decisões ver (bias previsíveis)
Enquanto que as perspectivas cognitivas em comportamento microorganizacional são caracterizada por fatores cognitivos sobre liderança, motivação e avaliação de desempenho, a teoria comportamental de decisões microorganizacional se baseia na negociação e administração de recursos humanos. Vemos aqui, que o ator central dos fatores cognitivos em organização é o indivíduo, que por sua vez, carrega consigo sentidos naturais como audição, visão, tato, olfato etc. numa mescla que o torna um grande perceptor de ambientes comportamentos e promove seus interesses através de um comportamento cuja sua valoração não é determinante e tão pouco previsível.

Comentários

Gostaria de destacar a importância do processo decisório, pois, o mesmo passa pelo crivo da percepção e deve ser estruturada. Existem dois modelos essenciais para entender o processo decisório; racional e gerencial. O modelo racional, chamado econômico-racional devido aos seus laços com as teorias clássicas do comportamento econômico. Tal como originalmente desenvolvido, o modelo da decisão racional incluía premissa básica de que as pessoas tentam maximizar seus resultados econômicos individuais.
Simon, afirma que o modelo de decisão racional pode ser útil na definição do que os gerentes devem fazer, mas o modelo gerencial fornece um quadro melhor daquilo que os gerentes efetivamente fazem quando é impossível a racionalidade estrita. O modelo gerencial está focado na monitoração de problemas e perspectivas para determinar rotinas, e parte desses problemas referem-se aos aspectos cognitivos da organização. Na fase de decisão, utilizamos as informações processadas nas fases anteriores para propor uma avaliação de um objeto, pessoa ou evento. Essa avaliação, uma vez realizada, afeta nossas decisões, comportamentos e percepções posteriores.
Comportamento Organizacional ocupa-se de esferas microorganizacional, mesoorganizacional e macroorganizacional. O comportamento macroorganizacional não foi tão contextualizada pelos autores e ao meu ver, cognições em organizações estão em função das ações das empresas dentro de um contexto social, político, econômico, antropológico e cultural. A pesquisa em Comportamento macroorganizacional considera questões como, de que forma o poder é adquirido e retido? Como os conflitos podem ser solucionados? Que mecanismos podem ser utilizados para coordenar atividades no trabalho?


Questões:

De que forma a abordagem macroorgnizacional influência o CO?

As pesquisas sobre cognições em organizações estão fundamentadas em cognições coletivas ou apenas do indivíduo?

As cognições em organizações também não estão em função da valoração presente no indivíduo, ou seja, depende da sua condição biopsicosocial para representar um determinado comportamento?

Estética Organizacional

(Autor de referência: Pasquale Gagliardi)
A organização é um plano sistemático de variáveis e funções de ordem humana e social cujo principal objetivo é justificar sua existência através de fenômenos ainda indecifráveis a luz de tantas bibliográficas e teorias pós-moderna.
A origem do conceito estética vem da Grécia Antiga e relacionava-se às manifestações artísticas. Para Platão, a realidade era formada por arquétipos que moldavam as experiências humanas, que se constituíam em imitações destas formas fundamentais.
Tentarei explicar com minhas palavras o que de fato é estética:

“A estética é um conjunto amplo de informações e imagens(símbolos), que uma vez interpretadas através da valoração individual ou coletiva, transporta o indivíduo a uma realidade de pura beleza temporária e o incentiva para a crítica de sua existência.”

Através de tal definição, podemos afirmar que o contexto filosófico de estética não é corroborado sob um aspecto único e tão pouco restrito. Assim, as organizações assumem várias imagens através da percepção visual, porém, com papéis semelhantes.
A estética e burocracia estão presentes no texto “ Êxtase da Transformação” ( Stefan Zweig) onde no primeiro parágrafo ele fala do espaço e no segundo, fala de tempo. Nos transmite também os traços da cultura organizacional, e talvez do próprio comportamento organizacional. A percepção estética revela, pela observação de artefatos arquitetônicos, traços culturais das organizações. Estes traços incluem, entre outros, os valores e as crenças de seus membros. Artefatos organizacionais são os elementos mais visíveis da cultura organizacional, porém os mais difíceis de serem decifrados.
A percepção estética pode ser uma trilha privilegiada para a compreensão de fenômenos organizacionais, contudo, autores consagrados da época e do campo discutiram alguns exemplos de apreciação estética do universo das organizações e do trabalho. Susan Sontag (1966), denomina “Dualidade Cultural” como sendo uma época que vive uma polarização cultural: de um lado, temos a cultura científica; de outro, temos a cultura literária e artística. Cada uma destas culturas constitui um universo cognitivo próprio, com diferentes definições de problemas, metodologias e técnicas de investigação.
A cultura literária e artística é humanista e generalista. Seu foco principal é o ser humano e o seu desenvolvimento. Ela é voltada para dentro, para a subjetividade humana. A cultura científica é uma cultura de especialistas; requer extrema dedicação para a compreensão e atuação. É uma cultura voltada para fora, buscando a construção de teorias e a solução de problemas. No campo de estudos das organizações, isto pode significar a incorporação da percepção visual e da perspectiva estética à apreciação e interpretação de fenômenos organizacionais.

Comentários

Ao ler o texto tive uma expectativa de exploração em seu conteúdo sob uma abordagem de contextualização da imagem organizacional, ou seja, a presença do marketing propriamente dita. Contudo, noto que o sentido da estética no âmbito organizacional nos remete mais para uma reflexão do comportamento e cultura organizacional do que aos estereótipos arquitetados ao longo da história. Os artefatos como sugere o autor para interpretação da organização, nem sempre refletem o que de fato a organização é, por exemplo,
...a Petrobrás além de uma empresa essencialmente comprometida com sua capacidade de extração de petróleo para sua auto suficiência, tem compromisso com a sociedade – promovendo investimentos em eventos culturais e no que se refere ao ecossistema – conscientiza a sociedade para a preservação do nosso meio ambiente e promove também investimento na área.(marketing societal).


Questões

A estética em estudos organizacionais não é um atributo do Marketing?
A estética pode ser restrita ao modelo de comportamento organizacional?

Pesquisa-ação em Estudos Organizações

(Autores de referência: Colin Eden e Chris Huxham)
O principal objetivo dos autores é promover uma reflexão sobre a importância e características processuais da pesquisa-ação no estudo das organizações como método de pesquisas legítimo e rigoroso, e propor aos pesquisadores que se preocupem com a intervenção e a ação.
A pesquisa-Ação foi iniciada por meio do trabalho pioneiro do psicólogo social Lewin na década de 1940, foi apresentada como uma maneira por meio da qual pesquisadores poderiam contribuir sob uma abordagem dos aspectos teóricos e práticos, no entanto, os trabalhos de Lewin não possuíam muita credibilidade sobre as conclusões da pesquisa, em razão das dificuldades de mensuração dos resultados e controle das variáveis contextuais.
Várias interpretações do termo pesquisa-ação foram dados na época, mas o mais importante na sua essência é a construção de teorias dentro contexto prático e testá-las por meio de experimentos e intervenção.
A pesquisa-ação foca em duas seções preponderantes no estudo das organizações, resultados e processos. Os resultados devem ser claros, evitar abstração generalizada, é crucial que o pesquisador caracterize e conceitue a experiência de maneira que torne a pesquisa significativa para os outros. A pesquisa precisa ser relatada e traduzida para que diferentes circunstâncias possam ser examinadas por outras pessoas.
O processo cíclico da pesquisa-ação contempla etapas de planejamento, aplicação, exploração, validação e ação. Deve –se primeiramente determinar o objetivo da pesquisa-ação, o que se espera das representações de forma intuitiva e não dedutivista. O planejamento requer a conscientização de papeis a serem exercidos pelo pesquisador e pelos participantes. A aplicação dever ter o método mais apropriado com seu público-alvo, para viabilizar a coleta de informações. A validação da pesquisa-ação deve ser contextualizada através da interpretação dos dados e não pela subjetividade dos participantes ou próprio pesquisador. Uma das razões mais persuasivas para o uso da pesquisa-ação é que, quando os sujeitos não estão comprometidos com a pesquisa, nenhum dado obtido deles é confiável. Algumas preocupações surgem naturalmente em relação a incerta na interpretação ou mensuração da pesquisa-ação. Denzin argumenta que a triangulação de dados é importante como método de checar a validade pela abordagem do problema de pesquisas de todos os ângulos possíveis . A triangulação de dados serve para checagem dos dados é tão importante na pesquisa-ação quanto em outras formas de pesquisa desta forma pode ser aplicada em alguns aspectos de pesquisas: metodologia, dados, investigador e teoria.

Considerações

Neste capítulo a prática revoluciona a teoria se comparado ao capítulo anterior – Dados em estudos organizacionais, enquanto no capítulo anterior a reflexão passa pelo crivo do tipo de dado para representar os fenômenos sociais e organizacional, pesquisa-ação é uma de duas vias – visa a descoberta de um fato e a outra, a ação como forma de equacionar problemas e prever situações futuras.
O objetivo da pesquisa-ação não deve estar baseada apenas na feneomologia das ações sociais, mas, também se comprometer em desenvolver um grupo interessado em mudança, testar teorias sobre o comportamento humano, problemas sociais, estimular a mudança em fatos e não em especulações e testar a teoria sobre o comportamento humano no mundo real.
Outro aspecto importante que os autores não citaram talvez, de forma mais prática em pesquisa-ação são as etapas do ciclo, visto de uma forma mais operacional e colaborativa como vejamos abaixo:

Definição do problema , Comitê de pesquisa, Treinamento de entrevistadores, Entrevista e levantamento no campo, Análise dados, Avaliação e Disseminação.

Questões
Quais são as limitações da pesquisa-ação sob um âmbito exploratório do comportamento organizacional?
Os iniciadores e participantes de uma pesquisa-ação devem ser efetivamente treinados e inseridos ao contexto da pesquisa?

terça-feira, 27 de março de 2007

Dados em Estudos Organizacionais

(Autor de referência: Ralph Stablein)

Os Estudos Organizacionais promovem uma leitura sobre as sociedades, o indivíduo, comportamento organizacional, experiências, culturas, fatos, números etc. sob uma perspectiva em contribuir para um pensamento sistêmico de todo um processo histórico alinhando a um pensamento sobre o futuro dos estudos organizacionais.
Stablein enfatiza fortemente a importância dos Dados em Estudos Organizacionais e os classifica de forma objetiva numa tentativa de explicar a abrangência e sustentação aos construtos idealizados. No entanto, esses dados devem ser originários do propósito e público-alvo. O propósito deve ser específico para cada projeto de pesquisa, ou linha de pesquisa, no entanto, possivelmente pode apresentar mais de um propósito em razão da complexidade e ilimitadas situações em estudos organizacionais. Já o público-alvo possui características fundamentadas pelo tamanho e tipo de aprendizado. O menor deles seria os pesquisadores ativos - aqueles que publicam em jornais, colaboram com a edição de livros e o maior, se não, um dos maiores públicos-alvo são os alunos e trabalhadores em organizações.
Os Dados são representações que mantêm uma correspondência de duas vias entre a realidade empírica e um sistema simbólico e se conectam a intenção do pesquisador com o público-alvo de forma que a interpretação desses dados passa a ser um veículo de caráter peremptório de atingir os propósitos.
Observa-se que em estudos organizacionais existem diferenças em cultura, ética moral, história intelectual, disciplina acadêmica etc. têm criado diferentes comunidades de acadêmicos organizacionais que produzem diferentes tipos de dados;
Dados de Survey; levantamento de dados através de pesquisas, questionamentos para se estabelecer relações causais entre construtos.
Dados Experimentais; a experimentação era uma forma freqüente e útil de geração de dados organizacionais. A realidade empírica daquele que faz experimentos em pesquisa organizacional é muito semelhante ao do usuário de survey.
Etnodados; segundo autor é uma pretensão de ser amplo suficiente para abranger uma variedade de práticas de pesquisa e tradições que objetivam produzir dados que representem experiências vividas pelos mesmo participantes dessas pesquisas.
Dados de estudo de caso; existem três tipos de dados de estudo de caso. O primeiro é etnocaso, gerador de teorias ou casos exemplares. O segundo tipo está voltado para proposições teóricas generalizáveis e o caso exemplar é o terceiro tipo de dados de caso o mais influente nos estudos organizacionais porque eles são normalmente apresentados a participantes organizacionais e estudantes.
Dados secundários; são dados interpretados por um pesquisador de organizações que foram originariamente coletados para outro propósito.
Texto com dados; o texto é um dado que representa e constitui-se de múltiplas realidades, são considerados significativos e influentes na formação de nosso conhecimento e conseqüente opinião que propiciará o fundamento confortável ou não da realidade empírica.

Considerações do aluno
Em nenhum momento do texto o autor se refere ao principio originário de dados em estudos organizacionais. Todo dado de estudos organizacionais nasce problematização de um fato já existente a ser apurado cuja finalidade não é apresentar respostas intuitivas, mas sim fornecer subsídios para uma contemplação sistêmica sobre as perspectivas futuras dos estudos organizacionais.
O que sugiro inicialmente, é que contextualizemos nossas dúvidas e fatos sob o crivo da epistemologia para que se possa direcionar um tipo dado que se deseja ter para corroborar os construtos. Por exemplo, o comportamento organizacional pode ser decisivo em vantagem competitiva organizacional? (problematização). Que tipos de dados são esperados para dar fundamento aos construtos do pesquisador em estudos organizacionais?
Entendo que os dados em estudos organizacionais estabelecem uma relação entre sujeito e objeto de estudo onde através do simbolismo se faz observações, experimentações e verificabilidade, ou seja, se constrói conjecturas para corroboração ou não de hipóteses.

Exemplificando:

Sujeito; pesquisador, formação de construtos.
Objeto de estudo; estudos organizacionais
Simbolismo; todos os tipos de dados, referência teórica, ciência, empirismo etc..


quinta-feira, 22 de março de 2007

Teoria Crítica e Pós-modernismo

(Autores de referência: Mats Alvesson e Stanley Deetz)
A teoria crítica (Escola de Frankfurt) surgiu no inicio dos anos 80 e parte do princípio de uma crítica ao caráter cientificista da ciência, ou seja, crítica à base de dados empíricos e a administração numa tentativa de explicar os fenômenos sociais. A separação e a oposição do indivíduo em relação à sociedade como resultante histórica da divisão de classes, a teoria crítica confirma a sua tendência para a crítica dialética da economia política. O ponto de partida da teoria critica é a análise do sistema da economia de mercado: desemprego, crises econômicas, militarismo, terrorismo, a condição global das massas, não se baseia nas possibilidades técnicas reduzidas, como era possível no passado, mas em relações produtivas já não adequadas à situação atual.
O pós-modernismo surgiu no fim dos anos 80 e baseia-se no estudo das ciências sociais com enfoque nas mudanças sociais e organizacionais e um conjunto de abordagens filosóficas para o estudo das organizações e de outras áreas. Surgi nesse momento uma revolução de mercado – surgimento de novas tecnologias como a informática e seu uso para todas fontes de produção. O enriquecimento e conflitos entre classes trabalhadoras e sociais, problemas ecológicos e conseqüente processo de globalização que intensificou ainda mais as diferenças sociais entre as nações.
O desenvolvimento da teoria crítica e pós-modernismo se deram através – da relação do poder e conhecimento, a desmistificação da linguagem sem o apelo dualista, uma teoria social conflitante com os princípios de Marx e o sujeito complexo de Freud.
A teoria crítica sob o âmbito organizacional sugeriu a criação de sociedades livres de qualquer dominação e que todos possam ter oportunidade e condições iguais de trabalho. Existem dois tipos de estudos críticos na teoria das organizações: crítica ideológica e ação comunicativa. A crítica ideologia valoriza o pensamento Marxista no que se refere as práticas de exploração econômica por meio da coerção direta e as diferenças estruturais em relações de trabalho entre os donos do seu próprio trabalho e capital. A comunicação não distorcida proporciona a legitimação de racionalidade, denominada racionalidade de comunicativa. Assim, a ação comunicativa(Habermas) permite a investigação de toda proposição na base de alguns critérios universais de validade: compreensibilidade, sinceridade, veracidade e legitimidade, é, portanto aspecto importante da interação social na sociedade, em instituições sociais e na vida diária.
O pós-modernismo sob o âmbito organizacional enfatiza a importância de algumas idéias para contextualizar a pesquisa organizacional enfatizando; a centralidade do discurso, a fragmentação de identidades (valorização da subjetividade do individuo), crítica da filosofia em relação as incertezas da linguagem e seus efetivos significados, perda de fundamentos de poder das grandes narrativas em que uma ênfase em múltiplas vozes e políticas locais é preferida e finalmente poder e conhecimento.
Considerações
Achei uma tanto cansativa e ao mesmo tempo prolixa a tentativa dos autores em explicar as transformações sociais e suas conseqüências através da teoria critica e pós-modernismo. Contudo, talvez de forma mais simplória, se tivéssemos que voltar ao tempo teríamos que dividir este tema tão complexo em duas etapas temporais – Teoria crítica fundamentação no formalismo da sociedade numa dimensão mais pluralista, a preocupação, pautada pela organização dos trabalhadores que está centrada principalmente, em entender a cultura como elemento de transformação da sociedade. Neste sentido, a teoria crítica utiliza-se de pressupostos do marxismo explicar o funcionamento da sociedade e a formação de classes, e da psicanálise para explicar a formação do indivíduo, enquanto elemento que compõe o corpo social. Portanto, a teoria crítica visa oferecer um comportamento crítico nos confrontos com a ciência e a cultura, apresentando uma proposta política de reorganização da sociedade.

O pós-modernismo, o sentido do “eu” é mais presente e valorizado, conflitos de interesses entre as sociedades surgem com a desigualdade em razão do boom da modernização (mudança) onde a utilização da racionalização se traduziu em produção que não privilegia a todas camadas sociais. O surgimento e a impregnação do principio taylorista nas organizações trouxe uma nova perspectiva do que viria ser uma sociedade moderna, uma sociedade onde os interesses coletivos se contrastavam e que inclusive, resultou em processo acelerado de desconstrução do nosso meio ambiente.
Acredito que no findo deste século surgirá uma nova sociedade - A Sociedade do Conhecimento, uma sociedade mais dominante que defenda seus interesses de forma mais uniforme e menos fragmentada, norteada de novos valores e preceitos, uma sociedade altamente crítica e com poderes de promover mudanças em prol de sua evolução.

Ambas as teorias chamam atenção para construção social, histórica e políticas sociais, inclusive como cada um destes elementos aparece nas organizações contemporâneas.

Questões:

Quais as principais diferenças entre a teoria crítica e pós-modernismo?
Quais são efetivas contribuições de ambas teorias para a organização contemporânea?

terça-feira, 13 de março de 2007

A institucionalização das Instituições

(Autores de referência: Pámela S. Tobert e Lynne G. Zycker)
O surgimento da teoria Institucional se deu por volta do início dos anos 40 até meados dos anos 60 com ênfase na independência das organizações em relação ao ambiente, já no início dos anos 70 havia uma superficial interdependência técnica das organizações e seus ambientes que resultou nos anos seguintes total interdependência social e cultural das organizações e seus ambientes.
A teoria institucional ocupa-se de estudar como mitos e rituais são gerados e institucionalizados, através de processos racionais em estruturas sociais (Santos, 1999). A teoria Institucional é fortemente influenciada por teoria dos sistemas e teoria da dependência de recursos – organizações que constroem estruturas formais como gestos simbólicos de conformação com política governamental são menos sujeitas a provocar protestos de classes e, muito provavelmente assegurarão mais recursos governamentais.
Estudos pioneiros realizados por Merton (1948) afirmavam que quando as organizações eram estudas pelos sociólogos, era por mera casualidade ou lateralidade (a organização não era a unidade de análise das pesquisas, mas sim uma coadjuvante)
O conceito de isomorfismo organizacional veio explicar o processo do qual uma unidade é forçada a assemelhar-se às outras unidades imersas nas mesmas condições ambientais (Santos, 1999). O isomorfismo organizacional se divide em dois tipos, Competitivo, ou seja, racionalidade de um sistema na busca de mercados, mudanças de nicho e sistema de desempenho e outro Institucional que define três mecanismos de implementação do isomorfismo: coercitivo, mimético e normativo. O coercitivo com ênfase em pressões das organizações entre si e de expectativas da sociedade. O mimético visa reduzir o grau de incerteza, através de cópia de práticas bem sucedidas(benchmarking ?). E finalmente o normativo - refere-se a regulamentações impostas por certas entidades profissionais e governamentais.
A teoria da institucionalização prevê processos determinantes para criação e perpetuação de grupos sociais duradouros. A institucionalização é o processo pelo qual as organizações, estando sujeitas às pressões do ambiente social, transformam-se em sistemas orgânicos, onde os valores passam a moldar as práticas administrativas e a própria estrutura (Selznick). São três os processos de institucionalização, a primeiro a Habitualização, ou seja, no que concerne a geração de novos arranjos estruturais em respostas a problemas organizacionais específicos. O segundo a Objetivação consiste o modelo estrutural já está suficientemente disseminado e terceiro a Sedimentação que envolve a institucionalização total, em outras palavras, processo que se apóia na continuidade histórica da estrutura e na sobrevivência pelas gerações dos membros da organização.

Algumas considerações

A teoria da instituição trás à sociedade uma grande interdependência entre organizações e ambientes quase que num processo simbiótico onde a necessidade de mudança e adaptação se fazem necessárias e constantes. Antes da leitura do texto minha percepção sobre algo institucionalizado era simplesmente sobre objetos de estudo e ao apoio social, assim como criações órgãos públicos, ONGS, governo, instituições filantrópicas etc.. Noto que a institucionalização está fundamentada na sua principal característica que a ação social sejam oriundas de setores privados ou públicos. Em razão da insofismável transformação à destruição que nosso planeta vem enfrentando - desmatamento e principalmente o aquecimento global, a institucionalização pode ser uma via de acesso para um entendimento universal de ações a serem implementadas no contexto de conscientização e recuperação do nosso bem estar.

A teoria institucional trouxe algumas contribuições paras organizações e sociedade:
Estrutura formal com base no tamanho e tecnologia
Preocupação das organizações com a observação das estruturas, inter-relações e impactos sociais de suas atividades, e não apenas com a eficiência das mesmas (relativa contemporaneidade com marketing social).

Questões:

É a organização que se adapta ao ambiente ou vice versa?
No Brasil quais são as principais instituições e qual sua relevância para a sociedade?

segunda-feira, 5 de março de 2007

Ecologia Organizacional; uma tentativa pouco peremptória de justificar a fundação e o fracasso das organizações

(Autor de referência: Joel A. C. Baum)
A ecologia organizacional pode ser entendida como um dos domínios teóricos mais em evidência no panorama recente das ciências organizacionais. As razões para tanto são bastante diversas e por vezes, contraditórias: a relevância crescente que a ecologia organizacional vem assumindo na teoria das organizações. A perspectiva da ecologia organizacional contempla a relação das organizações com o meio ambiente e seus impactos sobre a sociedade num âmbito de sugerir justificativas para a fundação e fracasso das organizações, bem como, as mudanças organizacionais.
As principais abordagens ecológicas para a fundação e fracasso das organizações, segundo o autor estão focados em três temas: processos demográficos, processos ecológicos e processos ambientais. No que concerne ao processo demográfico, as variáveis idade e tamanho são sustentadas pelo autor que, quanto mais nova a empresa, maior a vulnerabilidade e conseqüente fracasso em razão da inexperiência e difícil adaptação à mudança. Quanto ao tamanho, as organizações maiores são consideradas menos vulneráveis, em outras palavras, tendem a mergulhar num processo inerte às mudanças e por possuírem estruturas mais sólidas. No entanto, as pequenas empresas são mais suscetíveis ao fracasso em razão das dificuldades para levantar recursos em tempo hábil em respostas as adequações ao ambiente externo.
Os processo ecológico limita ao tamanho de nicho, enfatizando as organizações especialista e generalista. As empresas generalistas por serem mais flexíveis às mudanças ambientais dominam as especialistas independentemente do nível de incerteza ambiental. A dependência da densidade é outro fator que determina a fundação das organizações, pois, aumenta a legitimidade institucional de uma população, aumentando as taxas de fundação e diminuindo os fracassos.
Existem inúmeros modelos de dependência de densidade que definem a fundação e o fracasso das organizações, no entanto, todas elas são fundamentadas para o ambiente externo. A dependência da densidade da população, ou seja, número de organizações na população, cria vários elementos decisivos para o fortalecimento, sobrevivência e surgimento de organizações. Todas possuem uma característica em comum – abordagem com âmbito no meio externo - seja na comunidade, geografia, população, nicho organizacional(mercado), regulamentação, política e tecnologia. São esses modelos que definem a fundação ou fracasso prematuro das organizações quando não as propiciam a cair num processo de inércia estrutural. Hann e Freeman, propõem que além de mudar a estrutura organizacional, as pressões inecerciais variam com tamanho e a idade organizacional. Devido ao fato de que as organizações mais velhas serem mais estruturadas, tiveram mais tempo para formalizar padronizar rotinas e institucionalizar lideranças.

Contrastando o autor sob uma abordagem de gestão!
Em nenhum momento Hann e Freeman mencionaram a influência da gestão como um processo peremptório na fundação e fracasso das organizações.Tendo em conta que Lex Donaldson (1995) crítica violentamente a abordagem ecológica, por considerá-la uma teoria antigestão. Na argumentação apresentada por Donaldson, que parte das premissas básicas da teoria, ressaltam-se os seguintes apontamentos:

a) na teoria ecológica, o ambiente externo é “proativo”, cabendo aos gestores um papel passivo e de resistência à mudança induzida ao exterior;
b) o fato de o processo de seleção das organizações se desenvolver numa lógica supra-organizacional retira a relevância e pertinência do papel do gestor, tal como concebido em outras teorias (principalmente na contingencial);
c) ao aceitar que são as populações que mudam e não as organizações (conceito de inércia estrutural) a teoria ecológica não se mostra capaz de propor um conjunto de atividades de adaptação organizacional.

Segundo a teoria ecológica, o papel do gestor não parece tão importante como deveria. O papel do gestor é limitado por dois fatores predominantes:

a) a forma organizacional constrange e manipula o comportamento individual;
b) a escassez dos recursos, que dificulta a gestão da mudança;

Um dos pontos fracos na abordagem ecológica parece radicar-se justamente na sua recusa em aceitar que os gestores procuram tomar decisões adaptativas, isto é decisões que melhorem o ajustamento ao meio e, por conseguinte, a probabilidade de sobrevivência da organização. As abordagens contingencial e ecológica seriam desse modo, complementares: a teoria contigencial ilustraria o esforço de adaptações das organizações ao seu ambiente externo, enquanto a teoria ecológica assinalaria as razões do sucesso e fracasso desse esforço adaptativo.

Questões
Uma gestão má estruturada poderia levar ao fracasso da organização?
Quais as principais causas de fracasso em organizações com enfoque tecnológico?


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Teoria Contigêncial

(Autor de referência: Lexon Donaldson)
As organizações não são estruturadas exatamente do mesmo modo. A abordagem contingencial esta caracterizada numa pré-determinação de variáveis para selecionar a estrutura adequada. As estruturas mecanicistas são rígidas e caracterizadas por alta especialização, departamentalização, margens controles estreitas, alta formalização e tomada de decisões centralizada. As estruturas orgânicas são o contrário: são flexíveis e adaptáveis, possuem margens de controle largas, menos níveis de hierarquia, comunicação fluente, tomada de decisões descentralizadas e pouca formalização. Há, no entanto, quatro variáveis contingenciais que explicam as diferenças estruturais são estratégia, tamanho, tecnologia e grau de incerteza ambiental da organização. Quanto maior o grau de incerteza, mais suscetível a organização a impactos do ambiente. Uma vez que a administração não gosta da incerteza, tenta reduzi-la. Se a incerteza for alta, uma estrutura flexível e adaptável é melhor para permitir a rapidez de resposta da organização aos seus membros.

Cabe ressaltar que é nítida a limitação das organizações mecânicas, pois criam formas organizacionais que têm dificuldade de se adaptar à mudança e ao mesmo tempo podem resultar em um tipo de burocracia insensível e desprovida de bom-senso. Por que a estrutura orgânica é tão popular?
A maior força motriz da reestruturação das organizações rumo à forma orgânica é comprovadamente o aumento da incerteza ambiental. A competição global, acelerada inovação de produtos por parte da concorrência e o aumento das exigências do mercado por melhor qualidade e maior agilidade na entrega são exemplos de fatores ambientais dinâmicos com que se defrontam os administradores de hoje. As organizações mecanicistas tendem a estar mal-preparadas para responderem a esta rápida mudança ambiental. Podemos ver que a tecnologia e organização são mutuamente dependentes e estão interligados de modo claro. Pode-se argumentar que as outras variáveis contingenciais também estão progressivamente favorecendo a estrutura orgânica.
Durante aproximadamente os dois terços iniciais do século XX, a maioria das grandes empresas optou pela adoção de estratégias de minimização de custos ou de imitação(benchmarking), deixando a inovação para os pequenos. Mas muito desses “pequenos” se tornaram imensamente prósperos, roubaram negócios das grandes empresas e se tornaram também grandes empresas. Num ambiente extremamente dinâmico e com a necessidade de inovar, as grandes organizações também tem se dividido em sub-unidades menores e mais flexíveis. Defendo que as estruturas organizacionais são formadas com base nas estratégias e não o contrário, como o autor sugere como reflexão. Entendo também, que as organizações podem possuir características mecanicistas e organicistas simultaneamente, ou seja podem ser sistemas abertos dotados de subsistemas fechados. Há um certo confronto com a incerteza do ambiente e ao mesmo tempo, necessitam de certeza e previsibilidade em suas operações (tecnologia e outros recursos).
Questões
· As organizações podem ser organicistas e mecanicistas simultaneamente?
· Existe um modelo ideal de estrutura organizacional ou o importante é o tipo e abrangência de negócio da organização?

Teoria das Organizações

(Autores de referência: Gareth Morgan, Sterwar R. Clegg, Silva Pinto, Luiz Fernando, Steph P. Robbins)
Em linhas gerais, os autores propoem a uma reflexão através de variáveis históricas da teoria da organização como meio para caracterização de um modelo de organização sustentável. Compreende-se que as estruturas narrativas analíticas são os pilares de uma organização. No entanto, há uma certa dificuldade em conciliar tais estruturas em função dos interesses incomuns que as definem como elementos basais na estrutura organizacional. Enquanto algumas estruturas tratam os comportamentos coletivos e individuais, outras sugerem fortemente o apoio ao poder do conhecimento e justiça.
O racionalismo, a exemplo de Taylor que se esforçou para desenvolver uma ciência da gestão teve profundo impacto na industria americana. A comunidade, como símbolo de fraternidade e a organização como símbolo de poder, a partir dos anos 30 e 40 tiveram um papel fundamento capaz de facilitar a realidade socipsicológica. Já o modelo do mercado não se restringe à abordagem social ou de natureza humana, apenas econômica supostamente objetiva. O modelo de poder, a estrutura marcada por tarefas operacionais altamente padronizadas, obtida por meio especialização, regras e regulamentos bastante formalizados, tarefas agrupadas em departamentos funcionais, autoridade centralizada, margens estreitas de controle e processo decisório que acompanha a cadeia de comando deram origem a burocracia. Já a teoria institucionalista surge com ímpeto de justiça nos processos cultural e político das organizações com destaque para democracia industrial e ética nos negócios. Quanto aos debates propostos pelo autor, surgi claramente os conflitos entre as teorias do conhecimento no que concerne a relatividade e a objetividade, o interesse individualista e coletivo como sendo a espinha dorsal da organização.
O fator tecnociência foi primordial na condução das organizações ao desenvolvimento de uma cultura fielmente pluralista, bem como na mudança de paradigmas no âmbito social. Por outro lado, com base no estudo de Escobar (1994) a inovação mecaniza o relacionamento entre pessoas.

Pontos relevantes identificados

A complexidade das bases estruturais da teoria das organizações

A conclusão que se tira deste capítulo, é que a epistemologia no âmbito organizacional é muito relativa face às narrativas analíticas estruturais aqui citadas e que ao meu ver sugeri que o modelo ideal de organização é a constante teorização das variáveis micro e macro ambientes; da sociedade, do indivíduo, da coletividade, da ética, da inovação e do poder. Na verdade, não há discordância quanto ao autor, apenas atento para a importância do indivíduo nas organizações e que este pode efetivamente moldar ou ser moldado pela sociedade ou organização.
A teoria da organização é tão complexa que sempre será motivo para reflexão, ou seja, as organizações dependem de interfaces conjunturais onde seus elementos estruturais relevam interesses coletivos e individuais. Na minha opinião, o grande desafio da organização é formar cenários que atendam às necessidades e expectativas de todas as esferas conjunturais. Atribuo como a principal força motriz de uma organização - os indivíduos que nela se disponham a aprender continuamente numa busca incessante pelo benefício coletivo.
A filosofia Matsushita define que o senso coletivo deve prover bem-estar geral da sociedade e nos devotar ao maior desenvolvimento da cultura do mundo.A título exemplo, posso citar o Japão, um País totalmente destruído na segunda guerra mundial que marchou para modernidade com ênfase na interdependência nos interesses comuns e na ajuda mútua.


O aprendizado contínuo da sociedade ou organização

Defendo a idéia de que as organizações, para terem sucesso, devem aprender a lidar com mudança contínua (modelo orgânico). Peter Senger, reconhece que há muitas organizações com dificuldades de promover um aprendizado contínuo. Para combater essas dificuldades, Senge propõe cinco disciplinas. Embora desenvolvidas separadamente, cada uma delas será crucial para o sucesso das outras quatro, desempenhado um papel fundamental na criação de organizações que podem verdadeiramente “aprender”.

* Domínio pessoal (personal mastery)
* Modelos Mentais (Mental models)
* Visão compartilhada (shared vision)
* Aprendizado em equipe (team learning)
* Pensamento sistêmico (systems Tthinking)

Questões:
· Quais as possíveis disfunções organizações da burocracia de Max Weber?
· Compare o modo como é hoje organizada uma empresa com o modo como era organizada nos anos 60.
· Qual modelo de poder e comando mais presente na organização contemporânea e qual sua importância do ponto vista social?
· Inovação e Poder podem ser consideradas um eixo de duas rodas a caminho da modernidade?
· O que é de fato uma sociedade organizacional?