terça-feira, 27 de março de 2007

Dados em Estudos Organizacionais

(Autor de referência: Ralph Stablein)

Os Estudos Organizacionais promovem uma leitura sobre as sociedades, o indivíduo, comportamento organizacional, experiências, culturas, fatos, números etc. sob uma perspectiva em contribuir para um pensamento sistêmico de todo um processo histórico alinhando a um pensamento sobre o futuro dos estudos organizacionais.
Stablein enfatiza fortemente a importância dos Dados em Estudos Organizacionais e os classifica de forma objetiva numa tentativa de explicar a abrangência e sustentação aos construtos idealizados. No entanto, esses dados devem ser originários do propósito e público-alvo. O propósito deve ser específico para cada projeto de pesquisa, ou linha de pesquisa, no entanto, possivelmente pode apresentar mais de um propósito em razão da complexidade e ilimitadas situações em estudos organizacionais. Já o público-alvo possui características fundamentadas pelo tamanho e tipo de aprendizado. O menor deles seria os pesquisadores ativos - aqueles que publicam em jornais, colaboram com a edição de livros e o maior, se não, um dos maiores públicos-alvo são os alunos e trabalhadores em organizações.
Os Dados são representações que mantêm uma correspondência de duas vias entre a realidade empírica e um sistema simbólico e se conectam a intenção do pesquisador com o público-alvo de forma que a interpretação desses dados passa a ser um veículo de caráter peremptório de atingir os propósitos.
Observa-se que em estudos organizacionais existem diferenças em cultura, ética moral, história intelectual, disciplina acadêmica etc. têm criado diferentes comunidades de acadêmicos organizacionais que produzem diferentes tipos de dados;
Dados de Survey; levantamento de dados através de pesquisas, questionamentos para se estabelecer relações causais entre construtos.
Dados Experimentais; a experimentação era uma forma freqüente e útil de geração de dados organizacionais. A realidade empírica daquele que faz experimentos em pesquisa organizacional é muito semelhante ao do usuário de survey.
Etnodados; segundo autor é uma pretensão de ser amplo suficiente para abranger uma variedade de práticas de pesquisa e tradições que objetivam produzir dados que representem experiências vividas pelos mesmo participantes dessas pesquisas.
Dados de estudo de caso; existem três tipos de dados de estudo de caso. O primeiro é etnocaso, gerador de teorias ou casos exemplares. O segundo tipo está voltado para proposições teóricas generalizáveis e o caso exemplar é o terceiro tipo de dados de caso o mais influente nos estudos organizacionais porque eles são normalmente apresentados a participantes organizacionais e estudantes.
Dados secundários; são dados interpretados por um pesquisador de organizações que foram originariamente coletados para outro propósito.
Texto com dados; o texto é um dado que representa e constitui-se de múltiplas realidades, são considerados significativos e influentes na formação de nosso conhecimento e conseqüente opinião que propiciará o fundamento confortável ou não da realidade empírica.

Considerações do aluno
Em nenhum momento do texto o autor se refere ao principio originário de dados em estudos organizacionais. Todo dado de estudos organizacionais nasce problematização de um fato já existente a ser apurado cuja finalidade não é apresentar respostas intuitivas, mas sim fornecer subsídios para uma contemplação sistêmica sobre as perspectivas futuras dos estudos organizacionais.
O que sugiro inicialmente, é que contextualizemos nossas dúvidas e fatos sob o crivo da epistemologia para que se possa direcionar um tipo dado que se deseja ter para corroborar os construtos. Por exemplo, o comportamento organizacional pode ser decisivo em vantagem competitiva organizacional? (problematização). Que tipos de dados são esperados para dar fundamento aos construtos do pesquisador em estudos organizacionais?
Entendo que os dados em estudos organizacionais estabelecem uma relação entre sujeito e objeto de estudo onde através do simbolismo se faz observações, experimentações e verificabilidade, ou seja, se constrói conjecturas para corroboração ou não de hipóteses.

Exemplificando:

Sujeito; pesquisador, formação de construtos.
Objeto de estudo; estudos organizacionais
Simbolismo; todos os tipos de dados, referência teórica, ciência, empirismo etc..


quinta-feira, 22 de março de 2007

Teoria Crítica e Pós-modernismo

(Autores de referência: Mats Alvesson e Stanley Deetz)
A teoria crítica (Escola de Frankfurt) surgiu no inicio dos anos 80 e parte do princípio de uma crítica ao caráter cientificista da ciência, ou seja, crítica à base de dados empíricos e a administração numa tentativa de explicar os fenômenos sociais. A separação e a oposição do indivíduo em relação à sociedade como resultante histórica da divisão de classes, a teoria crítica confirma a sua tendência para a crítica dialética da economia política. O ponto de partida da teoria critica é a análise do sistema da economia de mercado: desemprego, crises econômicas, militarismo, terrorismo, a condição global das massas, não se baseia nas possibilidades técnicas reduzidas, como era possível no passado, mas em relações produtivas já não adequadas à situação atual.
O pós-modernismo surgiu no fim dos anos 80 e baseia-se no estudo das ciências sociais com enfoque nas mudanças sociais e organizacionais e um conjunto de abordagens filosóficas para o estudo das organizações e de outras áreas. Surgi nesse momento uma revolução de mercado – surgimento de novas tecnologias como a informática e seu uso para todas fontes de produção. O enriquecimento e conflitos entre classes trabalhadoras e sociais, problemas ecológicos e conseqüente processo de globalização que intensificou ainda mais as diferenças sociais entre as nações.
O desenvolvimento da teoria crítica e pós-modernismo se deram através – da relação do poder e conhecimento, a desmistificação da linguagem sem o apelo dualista, uma teoria social conflitante com os princípios de Marx e o sujeito complexo de Freud.
A teoria crítica sob o âmbito organizacional sugeriu a criação de sociedades livres de qualquer dominação e que todos possam ter oportunidade e condições iguais de trabalho. Existem dois tipos de estudos críticos na teoria das organizações: crítica ideológica e ação comunicativa. A crítica ideologia valoriza o pensamento Marxista no que se refere as práticas de exploração econômica por meio da coerção direta e as diferenças estruturais em relações de trabalho entre os donos do seu próprio trabalho e capital. A comunicação não distorcida proporciona a legitimação de racionalidade, denominada racionalidade de comunicativa. Assim, a ação comunicativa(Habermas) permite a investigação de toda proposição na base de alguns critérios universais de validade: compreensibilidade, sinceridade, veracidade e legitimidade, é, portanto aspecto importante da interação social na sociedade, em instituições sociais e na vida diária.
O pós-modernismo sob o âmbito organizacional enfatiza a importância de algumas idéias para contextualizar a pesquisa organizacional enfatizando; a centralidade do discurso, a fragmentação de identidades (valorização da subjetividade do individuo), crítica da filosofia em relação as incertezas da linguagem e seus efetivos significados, perda de fundamentos de poder das grandes narrativas em que uma ênfase em múltiplas vozes e políticas locais é preferida e finalmente poder e conhecimento.
Considerações
Achei uma tanto cansativa e ao mesmo tempo prolixa a tentativa dos autores em explicar as transformações sociais e suas conseqüências através da teoria critica e pós-modernismo. Contudo, talvez de forma mais simplória, se tivéssemos que voltar ao tempo teríamos que dividir este tema tão complexo em duas etapas temporais – Teoria crítica fundamentação no formalismo da sociedade numa dimensão mais pluralista, a preocupação, pautada pela organização dos trabalhadores que está centrada principalmente, em entender a cultura como elemento de transformação da sociedade. Neste sentido, a teoria crítica utiliza-se de pressupostos do marxismo explicar o funcionamento da sociedade e a formação de classes, e da psicanálise para explicar a formação do indivíduo, enquanto elemento que compõe o corpo social. Portanto, a teoria crítica visa oferecer um comportamento crítico nos confrontos com a ciência e a cultura, apresentando uma proposta política de reorganização da sociedade.

O pós-modernismo, o sentido do “eu” é mais presente e valorizado, conflitos de interesses entre as sociedades surgem com a desigualdade em razão do boom da modernização (mudança) onde a utilização da racionalização se traduziu em produção que não privilegia a todas camadas sociais. O surgimento e a impregnação do principio taylorista nas organizações trouxe uma nova perspectiva do que viria ser uma sociedade moderna, uma sociedade onde os interesses coletivos se contrastavam e que inclusive, resultou em processo acelerado de desconstrução do nosso meio ambiente.
Acredito que no findo deste século surgirá uma nova sociedade - A Sociedade do Conhecimento, uma sociedade mais dominante que defenda seus interesses de forma mais uniforme e menos fragmentada, norteada de novos valores e preceitos, uma sociedade altamente crítica e com poderes de promover mudanças em prol de sua evolução.

Ambas as teorias chamam atenção para construção social, histórica e políticas sociais, inclusive como cada um destes elementos aparece nas organizações contemporâneas.

Questões:

Quais as principais diferenças entre a teoria crítica e pós-modernismo?
Quais são efetivas contribuições de ambas teorias para a organização contemporânea?

terça-feira, 13 de março de 2007

A institucionalização das Instituições

(Autores de referência: Pámela S. Tobert e Lynne G. Zycker)
O surgimento da teoria Institucional se deu por volta do início dos anos 40 até meados dos anos 60 com ênfase na independência das organizações em relação ao ambiente, já no início dos anos 70 havia uma superficial interdependência técnica das organizações e seus ambientes que resultou nos anos seguintes total interdependência social e cultural das organizações e seus ambientes.
A teoria institucional ocupa-se de estudar como mitos e rituais são gerados e institucionalizados, através de processos racionais em estruturas sociais (Santos, 1999). A teoria Institucional é fortemente influenciada por teoria dos sistemas e teoria da dependência de recursos – organizações que constroem estruturas formais como gestos simbólicos de conformação com política governamental são menos sujeitas a provocar protestos de classes e, muito provavelmente assegurarão mais recursos governamentais.
Estudos pioneiros realizados por Merton (1948) afirmavam que quando as organizações eram estudas pelos sociólogos, era por mera casualidade ou lateralidade (a organização não era a unidade de análise das pesquisas, mas sim uma coadjuvante)
O conceito de isomorfismo organizacional veio explicar o processo do qual uma unidade é forçada a assemelhar-se às outras unidades imersas nas mesmas condições ambientais (Santos, 1999). O isomorfismo organizacional se divide em dois tipos, Competitivo, ou seja, racionalidade de um sistema na busca de mercados, mudanças de nicho e sistema de desempenho e outro Institucional que define três mecanismos de implementação do isomorfismo: coercitivo, mimético e normativo. O coercitivo com ênfase em pressões das organizações entre si e de expectativas da sociedade. O mimético visa reduzir o grau de incerteza, através de cópia de práticas bem sucedidas(benchmarking ?). E finalmente o normativo - refere-se a regulamentações impostas por certas entidades profissionais e governamentais.
A teoria da institucionalização prevê processos determinantes para criação e perpetuação de grupos sociais duradouros. A institucionalização é o processo pelo qual as organizações, estando sujeitas às pressões do ambiente social, transformam-se em sistemas orgânicos, onde os valores passam a moldar as práticas administrativas e a própria estrutura (Selznick). São três os processos de institucionalização, a primeiro a Habitualização, ou seja, no que concerne a geração de novos arranjos estruturais em respostas a problemas organizacionais específicos. O segundo a Objetivação consiste o modelo estrutural já está suficientemente disseminado e terceiro a Sedimentação que envolve a institucionalização total, em outras palavras, processo que se apóia na continuidade histórica da estrutura e na sobrevivência pelas gerações dos membros da organização.

Algumas considerações

A teoria da instituição trás à sociedade uma grande interdependência entre organizações e ambientes quase que num processo simbiótico onde a necessidade de mudança e adaptação se fazem necessárias e constantes. Antes da leitura do texto minha percepção sobre algo institucionalizado era simplesmente sobre objetos de estudo e ao apoio social, assim como criações órgãos públicos, ONGS, governo, instituições filantrópicas etc.. Noto que a institucionalização está fundamentada na sua principal característica que a ação social sejam oriundas de setores privados ou públicos. Em razão da insofismável transformação à destruição que nosso planeta vem enfrentando - desmatamento e principalmente o aquecimento global, a institucionalização pode ser uma via de acesso para um entendimento universal de ações a serem implementadas no contexto de conscientização e recuperação do nosso bem estar.

A teoria institucional trouxe algumas contribuições paras organizações e sociedade:
Estrutura formal com base no tamanho e tecnologia
Preocupação das organizações com a observação das estruturas, inter-relações e impactos sociais de suas atividades, e não apenas com a eficiência das mesmas (relativa contemporaneidade com marketing social).

Questões:

É a organização que se adapta ao ambiente ou vice versa?
No Brasil quais são as principais instituições e qual sua relevância para a sociedade?

segunda-feira, 5 de março de 2007

Ecologia Organizacional; uma tentativa pouco peremptória de justificar a fundação e o fracasso das organizações

(Autor de referência: Joel A. C. Baum)
A ecologia organizacional pode ser entendida como um dos domínios teóricos mais em evidência no panorama recente das ciências organizacionais. As razões para tanto são bastante diversas e por vezes, contraditórias: a relevância crescente que a ecologia organizacional vem assumindo na teoria das organizações. A perspectiva da ecologia organizacional contempla a relação das organizações com o meio ambiente e seus impactos sobre a sociedade num âmbito de sugerir justificativas para a fundação e fracasso das organizações, bem como, as mudanças organizacionais.
As principais abordagens ecológicas para a fundação e fracasso das organizações, segundo o autor estão focados em três temas: processos demográficos, processos ecológicos e processos ambientais. No que concerne ao processo demográfico, as variáveis idade e tamanho são sustentadas pelo autor que, quanto mais nova a empresa, maior a vulnerabilidade e conseqüente fracasso em razão da inexperiência e difícil adaptação à mudança. Quanto ao tamanho, as organizações maiores são consideradas menos vulneráveis, em outras palavras, tendem a mergulhar num processo inerte às mudanças e por possuírem estruturas mais sólidas. No entanto, as pequenas empresas são mais suscetíveis ao fracasso em razão das dificuldades para levantar recursos em tempo hábil em respostas as adequações ao ambiente externo.
Os processo ecológico limita ao tamanho de nicho, enfatizando as organizações especialista e generalista. As empresas generalistas por serem mais flexíveis às mudanças ambientais dominam as especialistas independentemente do nível de incerteza ambiental. A dependência da densidade é outro fator que determina a fundação das organizações, pois, aumenta a legitimidade institucional de uma população, aumentando as taxas de fundação e diminuindo os fracassos.
Existem inúmeros modelos de dependência de densidade que definem a fundação e o fracasso das organizações, no entanto, todas elas são fundamentadas para o ambiente externo. A dependência da densidade da população, ou seja, número de organizações na população, cria vários elementos decisivos para o fortalecimento, sobrevivência e surgimento de organizações. Todas possuem uma característica em comum – abordagem com âmbito no meio externo - seja na comunidade, geografia, população, nicho organizacional(mercado), regulamentação, política e tecnologia. São esses modelos que definem a fundação ou fracasso prematuro das organizações quando não as propiciam a cair num processo de inércia estrutural. Hann e Freeman, propõem que além de mudar a estrutura organizacional, as pressões inecerciais variam com tamanho e a idade organizacional. Devido ao fato de que as organizações mais velhas serem mais estruturadas, tiveram mais tempo para formalizar padronizar rotinas e institucionalizar lideranças.

Contrastando o autor sob uma abordagem de gestão!
Em nenhum momento Hann e Freeman mencionaram a influência da gestão como um processo peremptório na fundação e fracasso das organizações.Tendo em conta que Lex Donaldson (1995) crítica violentamente a abordagem ecológica, por considerá-la uma teoria antigestão. Na argumentação apresentada por Donaldson, que parte das premissas básicas da teoria, ressaltam-se os seguintes apontamentos:

a) na teoria ecológica, o ambiente externo é “proativo”, cabendo aos gestores um papel passivo e de resistência à mudança induzida ao exterior;
b) o fato de o processo de seleção das organizações se desenvolver numa lógica supra-organizacional retira a relevância e pertinência do papel do gestor, tal como concebido em outras teorias (principalmente na contingencial);
c) ao aceitar que são as populações que mudam e não as organizações (conceito de inércia estrutural) a teoria ecológica não se mostra capaz de propor um conjunto de atividades de adaptação organizacional.

Segundo a teoria ecológica, o papel do gestor não parece tão importante como deveria. O papel do gestor é limitado por dois fatores predominantes:

a) a forma organizacional constrange e manipula o comportamento individual;
b) a escassez dos recursos, que dificulta a gestão da mudança;

Um dos pontos fracos na abordagem ecológica parece radicar-se justamente na sua recusa em aceitar que os gestores procuram tomar decisões adaptativas, isto é decisões que melhorem o ajustamento ao meio e, por conseguinte, a probabilidade de sobrevivência da organização. As abordagens contingencial e ecológica seriam desse modo, complementares: a teoria contigencial ilustraria o esforço de adaptações das organizações ao seu ambiente externo, enquanto a teoria ecológica assinalaria as razões do sucesso e fracasso desse esforço adaptativo.

Questões
Uma gestão má estruturada poderia levar ao fracasso da organização?
Quais as principais causas de fracasso em organizações com enfoque tecnológico?