sexta-feira, 20 de abril de 2007

Cognições em Organizações

(Autores de referência: Ann E. Tenbrunsel, Tiffany L.Galvin, Margaret A. Neale e Max H. Bazerman)

O grande enfoque dado neste tema, norteia fundamentos do Comportamento Organizacional-CO sob influência da perspectiva cognitiva em organizações cujo intuito é fornecer uma direção aos pesquisadores em pesquisas futuras. Para tanto, inicialmente é necessário que examinemos tais fundamentos sob uma abordagem psicológica e cognitiva em organizações. Existem duas áreas da pesquisa em psicologia que tem ajudado a entender os processos cognitivos sobre CO, são elas Cognição Social e Teoria Comportamental de Decisão – TCD.
Cognição social é o estudo da forma pela qual as pessoas atribuem significados a outras pessoas e a elas mesmas, e como os processos cognitivos influenciam o comportamento social. A pesquisa no campo social está em função de algumas áreas orientada pela psicologia;
Teoria da atribuição; como as pessoas(perceptor) associam comportamento com causas discretas, e assim enfoca as explicações de senso comum que os indivíduos constroem para eventos sociais ,
Memória; orientação metodológica e teórica em várias áreas de pesquisa sobre cognição social.
Estruturas de conhecimento; esquemas, percepção de pessoal, categorias são estruturas que podem ser definidas com uma estrutura cognitiva que representa o conhecimento sobre um conceito, incluindo seus atributos e as relações entre esses atributos.
Autoconceitos; pensando na sua relação com o ego podemos dizer que é uma coleção de esquemas e concepções e imagens arranjadas em um sistema ou espaço.
Atitudes; são definidas como uma avaliação da atitude objeto que freqüentemente inclui tendências cognitivas e comportamentais, tem sido definida principalmente como um conjunto de resposta a um questionário.
Controle mental; capacidade de conscientizar sobre várias tarefas que tendem ser codificada sem intenção ou esforço, ou seja, ações associadas automaticamente.
A teoria comportamental de decisão está em função de abordagens de pesquisas descritiva e normativa. Os autores chamam a atenção para que a tomada de decisão sempre fora influenciada pela matematização do pensamento que origina a racionalidade econômica, contudo, Simon, (1958) atribui esse tipo de raciocínio muito limitado, sugeriu que se os economistas se quisessem entender o processo decisório, teriam que atentar para os fatores psicológicos que levam os seres humanos a tomarem decisões. Nesse sentido, várias descobertas (heurísticas) ocorreram de forma a mapear as caracterizas e implicações da tomada de decisões ver (bias previsíveis)
Enquanto que as perspectivas cognitivas em comportamento microorganizacional são caracterizada por fatores cognitivos sobre liderança, motivação e avaliação de desempenho, a teoria comportamental de decisões microorganizacional se baseia na negociação e administração de recursos humanos. Vemos aqui, que o ator central dos fatores cognitivos em organização é o indivíduo, que por sua vez, carrega consigo sentidos naturais como audição, visão, tato, olfato etc. numa mescla que o torna um grande perceptor de ambientes comportamentos e promove seus interesses através de um comportamento cuja sua valoração não é determinante e tão pouco previsível.

Comentários

Gostaria de destacar a importância do processo decisório, pois, o mesmo passa pelo crivo da percepção e deve ser estruturada. Existem dois modelos essenciais para entender o processo decisório; racional e gerencial. O modelo racional, chamado econômico-racional devido aos seus laços com as teorias clássicas do comportamento econômico. Tal como originalmente desenvolvido, o modelo da decisão racional incluía premissa básica de que as pessoas tentam maximizar seus resultados econômicos individuais.
Simon, afirma que o modelo de decisão racional pode ser útil na definição do que os gerentes devem fazer, mas o modelo gerencial fornece um quadro melhor daquilo que os gerentes efetivamente fazem quando é impossível a racionalidade estrita. O modelo gerencial está focado na monitoração de problemas e perspectivas para determinar rotinas, e parte desses problemas referem-se aos aspectos cognitivos da organização. Na fase de decisão, utilizamos as informações processadas nas fases anteriores para propor uma avaliação de um objeto, pessoa ou evento. Essa avaliação, uma vez realizada, afeta nossas decisões, comportamentos e percepções posteriores.
Comportamento Organizacional ocupa-se de esferas microorganizacional, mesoorganizacional e macroorganizacional. O comportamento macroorganizacional não foi tão contextualizada pelos autores e ao meu ver, cognições em organizações estão em função das ações das empresas dentro de um contexto social, político, econômico, antropológico e cultural. A pesquisa em Comportamento macroorganizacional considera questões como, de que forma o poder é adquirido e retido? Como os conflitos podem ser solucionados? Que mecanismos podem ser utilizados para coordenar atividades no trabalho?


Questões:

De que forma a abordagem macroorgnizacional influência o CO?

As pesquisas sobre cognições em organizações estão fundamentadas em cognições coletivas ou apenas do indivíduo?

As cognições em organizações também não estão em função da valoração presente no indivíduo, ou seja, depende da sua condição biopsicosocial para representar um determinado comportamento?

Estética Organizacional

(Autor de referência: Pasquale Gagliardi)
A organização é um plano sistemático de variáveis e funções de ordem humana e social cujo principal objetivo é justificar sua existência através de fenômenos ainda indecifráveis a luz de tantas bibliográficas e teorias pós-moderna.
A origem do conceito estética vem da Grécia Antiga e relacionava-se às manifestações artísticas. Para Platão, a realidade era formada por arquétipos que moldavam as experiências humanas, que se constituíam em imitações destas formas fundamentais.
Tentarei explicar com minhas palavras o que de fato é estética:

“A estética é um conjunto amplo de informações e imagens(símbolos), que uma vez interpretadas através da valoração individual ou coletiva, transporta o indivíduo a uma realidade de pura beleza temporária e o incentiva para a crítica de sua existência.”

Através de tal definição, podemos afirmar que o contexto filosófico de estética não é corroborado sob um aspecto único e tão pouco restrito. Assim, as organizações assumem várias imagens através da percepção visual, porém, com papéis semelhantes.
A estética e burocracia estão presentes no texto “ Êxtase da Transformação” ( Stefan Zweig) onde no primeiro parágrafo ele fala do espaço e no segundo, fala de tempo. Nos transmite também os traços da cultura organizacional, e talvez do próprio comportamento organizacional. A percepção estética revela, pela observação de artefatos arquitetônicos, traços culturais das organizações. Estes traços incluem, entre outros, os valores e as crenças de seus membros. Artefatos organizacionais são os elementos mais visíveis da cultura organizacional, porém os mais difíceis de serem decifrados.
A percepção estética pode ser uma trilha privilegiada para a compreensão de fenômenos organizacionais, contudo, autores consagrados da época e do campo discutiram alguns exemplos de apreciação estética do universo das organizações e do trabalho. Susan Sontag (1966), denomina “Dualidade Cultural” como sendo uma época que vive uma polarização cultural: de um lado, temos a cultura científica; de outro, temos a cultura literária e artística. Cada uma destas culturas constitui um universo cognitivo próprio, com diferentes definições de problemas, metodologias e técnicas de investigação.
A cultura literária e artística é humanista e generalista. Seu foco principal é o ser humano e o seu desenvolvimento. Ela é voltada para dentro, para a subjetividade humana. A cultura científica é uma cultura de especialistas; requer extrema dedicação para a compreensão e atuação. É uma cultura voltada para fora, buscando a construção de teorias e a solução de problemas. No campo de estudos das organizações, isto pode significar a incorporação da percepção visual e da perspectiva estética à apreciação e interpretação de fenômenos organizacionais.

Comentários

Ao ler o texto tive uma expectativa de exploração em seu conteúdo sob uma abordagem de contextualização da imagem organizacional, ou seja, a presença do marketing propriamente dita. Contudo, noto que o sentido da estética no âmbito organizacional nos remete mais para uma reflexão do comportamento e cultura organizacional do que aos estereótipos arquitetados ao longo da história. Os artefatos como sugere o autor para interpretação da organização, nem sempre refletem o que de fato a organização é, por exemplo,
...a Petrobrás além de uma empresa essencialmente comprometida com sua capacidade de extração de petróleo para sua auto suficiência, tem compromisso com a sociedade – promovendo investimentos em eventos culturais e no que se refere ao ecossistema – conscientiza a sociedade para a preservação do nosso meio ambiente e promove também investimento na área.(marketing societal).


Questões

A estética em estudos organizacionais não é um atributo do Marketing?
A estética pode ser restrita ao modelo de comportamento organizacional?

Pesquisa-ação em Estudos Organizações

(Autores de referência: Colin Eden e Chris Huxham)
O principal objetivo dos autores é promover uma reflexão sobre a importância e características processuais da pesquisa-ação no estudo das organizações como método de pesquisas legítimo e rigoroso, e propor aos pesquisadores que se preocupem com a intervenção e a ação.
A pesquisa-Ação foi iniciada por meio do trabalho pioneiro do psicólogo social Lewin na década de 1940, foi apresentada como uma maneira por meio da qual pesquisadores poderiam contribuir sob uma abordagem dos aspectos teóricos e práticos, no entanto, os trabalhos de Lewin não possuíam muita credibilidade sobre as conclusões da pesquisa, em razão das dificuldades de mensuração dos resultados e controle das variáveis contextuais.
Várias interpretações do termo pesquisa-ação foram dados na época, mas o mais importante na sua essência é a construção de teorias dentro contexto prático e testá-las por meio de experimentos e intervenção.
A pesquisa-ação foca em duas seções preponderantes no estudo das organizações, resultados e processos. Os resultados devem ser claros, evitar abstração generalizada, é crucial que o pesquisador caracterize e conceitue a experiência de maneira que torne a pesquisa significativa para os outros. A pesquisa precisa ser relatada e traduzida para que diferentes circunstâncias possam ser examinadas por outras pessoas.
O processo cíclico da pesquisa-ação contempla etapas de planejamento, aplicação, exploração, validação e ação. Deve –se primeiramente determinar o objetivo da pesquisa-ação, o que se espera das representações de forma intuitiva e não dedutivista. O planejamento requer a conscientização de papeis a serem exercidos pelo pesquisador e pelos participantes. A aplicação dever ter o método mais apropriado com seu público-alvo, para viabilizar a coleta de informações. A validação da pesquisa-ação deve ser contextualizada através da interpretação dos dados e não pela subjetividade dos participantes ou próprio pesquisador. Uma das razões mais persuasivas para o uso da pesquisa-ação é que, quando os sujeitos não estão comprometidos com a pesquisa, nenhum dado obtido deles é confiável. Algumas preocupações surgem naturalmente em relação a incerta na interpretação ou mensuração da pesquisa-ação. Denzin argumenta que a triangulação de dados é importante como método de checar a validade pela abordagem do problema de pesquisas de todos os ângulos possíveis . A triangulação de dados serve para checagem dos dados é tão importante na pesquisa-ação quanto em outras formas de pesquisa desta forma pode ser aplicada em alguns aspectos de pesquisas: metodologia, dados, investigador e teoria.

Considerações

Neste capítulo a prática revoluciona a teoria se comparado ao capítulo anterior – Dados em estudos organizacionais, enquanto no capítulo anterior a reflexão passa pelo crivo do tipo de dado para representar os fenômenos sociais e organizacional, pesquisa-ação é uma de duas vias – visa a descoberta de um fato e a outra, a ação como forma de equacionar problemas e prever situações futuras.
O objetivo da pesquisa-ação não deve estar baseada apenas na feneomologia das ações sociais, mas, também se comprometer em desenvolver um grupo interessado em mudança, testar teorias sobre o comportamento humano, problemas sociais, estimular a mudança em fatos e não em especulações e testar a teoria sobre o comportamento humano no mundo real.
Outro aspecto importante que os autores não citaram talvez, de forma mais prática em pesquisa-ação são as etapas do ciclo, visto de uma forma mais operacional e colaborativa como vejamos abaixo:

Definição do problema , Comitê de pesquisa, Treinamento de entrevistadores, Entrevista e levantamento no campo, Análise dados, Avaliação e Disseminação.

Questões
Quais são as limitações da pesquisa-ação sob um âmbito exploratório do comportamento organizacional?
Os iniciadores e participantes de uma pesquisa-ação devem ser efetivamente treinados e inseridos ao contexto da pesquisa?