segunda-feira, 11 de junho de 2007

Time de futebol; O indivíduo-contexto, uma analogia da presença do indivíduo nas organizações.

Quando estudamos o desempenho de um time de futebol, inicialmente ressaltamos a qualidade dos jogadores (indivíduos). Depois, analisamos como esses indivíduos se interagem entre si, se este grupo possue ou não sinergia para busca de resultados. Os objetivos dos jogadores devem ser orientados pelos objetivos do clube, pois, todos estão função da organização. As habilidades individuais podem ser um diferencial atrativo, contudo, essa vantagem pode ser conseqüência do contexto tanto interno como externo (adversário).
Quando dizemos que tal jogador "matou o jogo" e por mais que a presença desse indivíduo naquele momento tenha sido determinante para o resultado, o mesmo também foi favorecido pelo contexto a produzir tal efeito. Portanto, toda ação individual é influenciada pela mão invisível do contexto.
O estudo do indivíduo nas organizações precisa ser iniciado pelos fenômenos causados pelo contexto e posteriormente promover uma análise sobre aspectos psicológicos e comportamentais . Contudo, cabe ressaltar que se há uma grande tendência ao desaparecimento do indivíduo nas organizações, isso indica que cada vez mais o indivíduo se veste de contexto e não como um ser repleto de atributos de comportamento específicos.
O indivíduo nunca esteve tão presente como agora nas organizações, atribuímos esse fato graças ao estudo de seu comportamento norteado de variáveis do campo biológico, psicológico e social. O indivíduo até no inicio dos anos 70 era visto como parte de uma engrenagem, seu comportamento era orquestrado pelos superiores e o simples ato de pensar era proibitivo.
Evidentemente que em estudos organizacionais podia-se constatar que o indivíduo havia desaparecido, pois, seu comportamento imutável favoreceu um palco onde apenas o contexto passou a ser foco, e à luz desse mesmo palco, residia um individuo padrão sem brilho e expressão.
Após a descoberta de que o indivíduo é mais que um ser pensante, notou-se também que ele possui valores individuais, necessidades e através de suas cognições faz o ambiente. Os interesses coletivos predominam no campo dos estudos organizacionais, e são a força motriz para explicar fenômenos sociais. Se destinarmos a estudar o indivíduo como elemento unívoco de um sistema como a organização cometeremos uma grande falácia, pois, toda organização está representada pelo esforço coletivo.

Tomada de Decisão na Organização

Autores de referência: Susan J. Miller, David J. Hickson e C. Wilson
Creio que os autores se preocuparam em muito contextualizar o processo de tomada decisão através das relações de poder, porém, sem citar lideranças nas organizações o que na minha opinião, discordo totalmente deste posicionamento. Em um mercado cada vez mais globalizado a tomada decisão nas organizações passa ser cada vez mais complexa em razão de inúmeros contextos como a cultura, comportamento cognitivo e conhecimento. Esses contextos são determinantes durante o processo de tomada decisão que justificam o fracasso ou sucesso das organizações, talvez por isso os tomadores de decisões são incapazes de operar em condições de racionalidade perfeita.
A cultura regional, por exemplo, é predominante no processo de tomada de decisão, de um lado, Brasileiros que tomam decisões imediatas e não dispõe de tempo para esperar pelo futuro, do outro, Ingleses que tomam decisões num espaço de tempo maior, e se alicerçam do máximo de informações.Como seria processo de toma da decisão da cultura ocidental?

Se fizermos uma recuperação histórica sobre tomada decisão, veremos que desde século 5 a. C em Atenas cidadãos do sexo masculino tomaram decisões pelo voto, num dos primeiros exemplos de autogestão democrática ou 333 a. C. Alexandre o Grande corta com a espada o nó górdio, mostrando como um problema difícil pode ser resolvido com um golpe audaz. No decorrer da história da humanidade percebemos inúmeras contribuições para um mundo novo, foram filósofos da ciência, lideres, matemáticos entre outros que através da tomada de decisão nos propiciaram ver a ciência como um processo contínuo de evolução.
Na minha opinião não dá para falar de tomada decisão sem antes contextualizar a liderança nas organizações. Vimos que o autor correlaciona a tomada decisão com poder, porém, em nenhum momento correlacionou o tema com liderança, fator este preponderante na construção das ações organizacionais. Da mesma forma que o poder está na cúpula da organização, ou seja, em nível institucional é o líder que toma decisões orientado pelas estratégias arquitetadas pela própria cúpula da organização. Liderança, estratégia e tomada de decisão são indissociáveis em ações organizacionais, principalmente no que se refere ao planejamento de cenários a médio e longo prazo.
Outro aspecto importante em tomada de decisão são os níveis de análise; institucional, tático e operacional, orientada também pela natureza e abrangência da estratégia. Nem sempre as decisões são tomadas com base na racionalidade, estudos de Sigmund Freud sobre o inconsciente sugerem que atos e decisões do indivíduo muitas vezes são influenciados por intuições ou causas ocultas da mente.
A cultura organizacional também é muito importante em tomada de decisão, pois nela trafega valores e crenças compartilhadas que estabelecem o referencial em que os membros da organização constroem a realidade, reconhecem uma informação nova e avaliam interpretações e ações alternativas. Acredito que o grande entrave em semear uma decisão nas organizações é de como é feita sua comunicação e de como seus usuários a interpretam e a utilizam em prol da organização, temos um problema de comunicação organizacional em razão das características comportamentais e de conhecimento de cada indivíduo.
Para finalizar, creio que a tomada de decisão será ainda mais complexa, pois em seu contexto vimos várias influências de natureza social, psicológica, econômica entre outras disciplinas. O cerne da tomada de decisão terá uma insofismável reflexão sob enfoque de outras disciplinas, principalmente as ciências humanas, onde o comportamento, bem como cultura organizacional favorecem a uma análise multidisciplinar cada vez mais complexo e desafiador para os lideres organizacionais.

Questões
De que forma a organização poderia melhor fluir a comunicação a todos os seus níveis sobre a tomada de decisão?
A liderança nas organizações pode influenciar a tomada de decisões e de que forma?
Até que ponto a comportamento organizacional é importante no processo de tomada de decisão?

Escolas de Pensamento na Teoria das Organizações

Há uma grande preocupação por parte dos autores com futuro da escola na teoria organizacional. A crescente geração de conhecimento na teoria organizacional não significa efetivamente que desenvolvemos bem esse conhecimento de como surgiu a estrutura de escolas, creio que os autores propõem que esse conhecimento deva focar processos pelos quais estabeleçam novas escolas como estruturas legítimas na teoria organizacional.
A problemática é criar escolas de pensamento como uma proposta de estrutura teórica integrada por pensadores intelectuais que forneça pontos de vistas distintos sobre as organizações em função de ações empíricas de pesquisa. Além disso, pretende estabelecer fundamentos para uma série de estudos na sociologia das organizações através da pesquisa empírica sobre o fenômeno da escolarização.
Novidade, Continuidade e Escopo são atributos que estabelecem um contexto para o desenvolvimento da teoria da escolarização, quanto mais presentes esses atributos na criação de uma escola na teoria organizacional, maior será a assimilação de seus produtos intelectuais e quanto mais visíveis forem os produtos intelectuais de uma escola, mais ampla será sua disseminação.
A proposta do artigo é promover a conscientização para evolução da estrutura intelectual e sua corrente, quer seja através da continuidade, novidade e escopo pois trata-se de um processo pelo qual a escolarização de pensamento na teoria organizacional evolui na direção da institucionalização caracterizado pelas divergências intelectuais ou pela consolidação de uma onda intelectual.

Creio que o futuro das escolas de pensamento na teoria organizacional deverá incluir disciplinas que ultrapassem o campo sociológico das organizações. A pesquisa empírica já nos fornece indícios que o comportamento organizacional possui perfil multifacetado, em razão da complexidade do ambiente e principalmente da psicodinâmica cognitiva dos indivíduos que constroem e destroem sem determinismo as organizações.
O indivíduo tem papel central na evolução intelectual no processo de estruturação de escolas de pensamento na teoria organizacional, pesquisas empíricas não serão suficientes para que entendamos sua complexidade, será preciso que as escolas produzam construtos através de fenômenos sociais, psicológicos, econômicos e antropológicos, talvez precisaremos beber em fontes ainda desconhecidas da teoria organizacional para conhecermos uma linha de pensamento onde não há linearidade em decifrar o funcionamento das organizações.

Questões:

· Que determinantes no futuro poderiam favorecer o desenvolvimento de escolas na teoria organizacional além das de ordem social?
· A construção de novas metáforas fundamentadas em outras disciplinas que não seja a social poderia nos conduzir para uma reflexão sobre um novo modelo de escolarização em teoria organizacional?

Estratégia

Autor de referência: Richard Whipp
Tanto o conceito de estratégia como de logística originaram-se da guerra como forma de construir vantagens e atalhos em batalhas para destruir seus oponentes. Em estudos organizacionais a estratégia é vista como meio de obter o ajuste entre a empresa e o ambiente, mercados e concorrências numa busca incessante por resultados que maximize seus dividendos.
No final dos anos 70 o trabalho de Porter trouxe uma grande contribuição à política de negócios, pois a introdução da estratégia no mundo dos negócios ocorreu simultaneamente com a questão da competitividade. O contexto econômico das opções estratégicas das empresas torna-se o foco, originando os modelos de estrutura, de condução e desempenho.
O campo da estratégia tem focado a tecnologia de informação como um fator crítico a ser gerenciando, dada a aspiração dos estrategistas a fornecerem direção apropriada ao crescimento e à renovação da empresa.
Creio que a principal preocupação do autor são as várias perspectivas e usos do conceito de estratégia, a evolução desde o planejamento passando por formatos cognitivos de tomada de decisão até o surgimento de uma política empresarial e de seus processos de tal forma que a estratégia deve ser estudada por outras disciplinas, pois sua importância e complexidade não pode ser atribuídas apenas ao campo dos estudos organizacionais.

Pontos relevantes (caos x estratégia)
A estratégia diz respeito tanto à organização como ao ambiente, é complexa, afeta o bem estar das organizações, envolve questões de conteúdo como de processo, possuem níveis diferentes e vários processos de pensamentos.
Partindo do principio que a estratégia é um processo determinístico não aleatório, e complexo, a teoria do caos sugere que os processos aleatórios ou processos complexos podem atuar em formas obscuras e particulares de ordem, notavelmente Gleick (1987), descreve um sistema caótico onde se encontra ordem “massacrada” como o caos. O mesmo refere-se aos sistemas não-lineares (Smith 2002:519) a estratégia envolve forças em tão grande número e dimensão e tão vasta combinação de poderes que ninguém pode prever os acontecimentos em termos probabilísticos.
Só a estratégia permite avançar no incerto e no aleatório. A arte da guerra é estratégica porque é uma arte difícil que deve responder não só à incerteza dos movimentos do inimigo, mas também à incerteza sobre o que o inimigo pensa. A estratégia é a arte de utilizar as informações que aparecem na ação, de integrá-las, de formular esquemas de ação e de estar apto para reunir o máximo de certeza pra enfrentar a incerteza. (Morin: 1996 a,191).
Questões:
A estratégia poderia ser estudada através da disciplina orientada pela psicologia das organizações?
A estratégia a ser definida não está função de uma prévia análise do SWOT?
Se a estratégia surge como meio de lidar com a concorrência e mercados, quais os recursos básicos necessários para sua formulação tratando-se de uma empresa de tecnologia?
Seria possível ensinar princípios de estratégia que permitiriam enfrentar os imprevistos, incertezas e modificar seu desenvolvimento.
De que forma a teoria do caos poderia fornecer base e suporte para várias situações presentes na formação das estratégias?